Universidades: estratégia e competitividade

Publicada por José Manuel Dias


Apesar das férias, a qualidade da gestão e estratégia das universidades públicas entrou na agenda por terem coincidido no dia de ontem a divulgação pelo Tribunal de Contas de um relatório crítico para quatro universidades estatais e a reunião inconclusiva dos reitores com o primeiro-ministro.
Por coincidência (ou talvez não), as quatro universidades (Algarve, Évora, Beira Interior e UTAD) que fazem fraca figura no relatório do Tribunal de Contas são das que dizem correr o risco de fechar as portas se o Governo não as salvar com um envelope financeiro de emergência. O CRUP (Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas) foi pedir a Sócrates 100 milhões de euros, alegando o aumento dos seus encargos para a Caixa Geral de Aposentações.
Independentemente da razão que assista às universidades nesta questão, o problema de fundo prende-se com a incapacidade de boa parte das nove universidades públicas de se adaptarem aos novos tempos em que a palavra de ordem é ser mais eficiente, reduzir custos e aumentar receitas.
As universidades não podem continuar sentadas à espera que o dinheiro venha ter com elas. Têm de aumentar drasticamente as receitas próprias, o que implica serem úteis às empresas. Não podem continuar sentadas à espera que os estudantes vão ter com elas. Têm de competir para conquistar os alunos. E deviam recorrer a soluções mais imaginativas de gestão, sem incorreram no risco de irem parar ao quadro negro do Tribunal de Contas.
Do editorial do Diário de Notícias de hoje, aqui.
Gerir é fazer escolhas, é tomar decisões. Definir estratégias em função dos objectivos que definimos. Optimizar a gesão dos recursos que nos estão alocados. Agradar a uns e desagradar a outros. Exige competências específicas. Gerir uma universidade não é tarefa fácil. Um bom professor mesmo que doutorado é sempre um professor. Um entre outros. O receio de desagradar é, sempre, inibidor de decisões difíceis. Passar o problema para "cima", exigindo mais recursos financeiros, está em linha com o tradicional" porreirismo". Todos ficam contentes menos o contribuinte.

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