Os porquês...

Publicada por José Manuel Dias


Saber lidar com os porquês requer competências de comunicação que nem todos possuem mas que, havendo vontade, podem ser adquiridas. Benjamim Franklin tinha como método tomar nota de todos os porquês (a favor ou contra) de uma qualquer questão. Ponderando os dois lados tinha uma visão mais aprofundanda dos problemas e considerava, por isso, estar em melhores condições para decidir.
Uma boa resposta a uma qualquer questão formulada, pode ser bem aceite mesmo que não corresponda integralmente à pergunta. Os políticos são conhecidos por usar (e abusar) desta técnica. Perante uma qualquer questão que lhe colocam, acabam por responder apenas ao que verdadeiramente lhes interessa. Há quem diga que eles apenas o fazem por incompetência dos jornalistas que não formulam as perguntas nos termos adequados. Henry Kissinger, antigo secretário de estado americano, constumava brincar com esta situação nas conferências de imprensa, perguntando, não raras vezes, aos jornalistas : " Quais são as perguntas que têm para as minhas respostas de hoje? ".

European Dawn

Publicada por José Manuel Dias


A Europa debate-se com problemas sérios. O crescimento é baixo, o desemprego atinge níveis preocupantes e muitos indivíduos continuam a acreditar na possibilidade de manutenção do modelo social em que temos vivido. Persistem na ideia que o Estado pode resolver todos os seus problemas. Os impostos permitiram financiar um Estado de bem estar. Sucede, entretanto, que a realidade mudou. A competição internacional e a alteração da estrutura demográfica trouxeram para o nosso quotidiano nuvens negras. Os governantes, com visão estratégica, sabem que manter as coisas como estão estão, seria um acto de irresponsabilidade e comprometeria o nosso futuro. As reformas que o Governo português procura implementar estão na linha do que outros Governos da Europa, de países que têm maior riqueza que o nosso, procuram, também, promover. O livro " European Dawn" , do sueco Johnny Munkhammar, alerta-nos para a necessidade urgente de promover reformas, indica-nos onde devemos intervir e porquê. Uma leitura que recomendamos a muitos políticos e sindicalistas da nossa praça.

25 de Abril

Publicada por José Manuel Dias


As mudanças sociais, verificadas em Portugal nas últimas quatro décadas, foram profundas e rápidas, mais rápidas que na maioria dos países europeus. Em certos casos, como na demografia, certas mudanças, medidas através dos indicadores socais clássicos, ultrapassaram mesmo os valores médios dos países vizinhos.
O sentido geral dessas mudanças sociais foi o da aproximação aos padrões europeus. Os indicadores demográficos, sociais e económicos portugueses parecem-se, cada vez mais, com os dos membros da União Europeia.
António Barreto, Tempo de Incerteza, Relógio d' Água Editores, Lisboa (2002)

A educação em números

Publicada por José Manuel Dias


Número de alunos por computador com ligação à Internet, no ensino público - 12,8
Número de alunos por computador com ligação à Internet, no ensino privado - 7,6
Taxa de transição/conclusão do ensino secundário - 67,9 (*)
Taxa de Pré- escolarização - 78,4 (**)
Evolução da taxa real de escolarização
1980/81 - 12,4
2004/05 - 59,8
Número de escolas em funcionamento em 2005/06 - 14.230
Número de estudantes matriculados em 2005/06 - 1.649.138
Número de docentes em 2005/06 - 178.202
Número de não docentes em 2005/06 - 87.677
Relação Aluno/Docente - 9,3
(*) 2004/05
(**) 2005/06
Fonte : Ministério da Educação
Perguntas para reflexão :
1) Que países terão melhores indicadores que os nossos ?
2) A que se deverá esses resultados?
3) Será que as práticas que observam já foram analisadas adequadamente em ordem a aproveitar o que têm de bom?
4) Quais são os stakeholders das escolas? Será que lhes está a ser reconhecida a importância devida?
Voltaremos ao tema proximamente.

Empower

Publicada por José Manuel Dias


"Empower", de acordo com o dicionário inglês/português da Porto Editora significa «autorizar, delegar, conceder plenos poderes». Delegar competências é, nos dias de hoje, uma necessidade imperiosa. Importa, no entanto, garantir que quem recebe essas competências, tem condições efectivas para as exercer. O envolvimento dos subordinados é crucial e a delegação pode dar um excelente contributo para a consecução desse desiderato. Não basta, no entanto, motivação, é preciso os colaboradores estejam adequadamente habilitados e, neste domínio, a formação profissional assume particular relevância. As exigências são cada vez maiores e, como sabemos, amanhã "só o excelente é suficiente". Saibamos estar à altura dos desafios, concentrando-nos no que é verdadeiramente importante: criar condições para reforçar a competitividade das nossas organizações em ordem a acelerar o desenvolvimento económico.

Boas notícias!

Publicada por José Manuel Dias


O aumento de receita e a controlo de despesa tiveram um contributo semelhante para a redução do défice orçamental estrutural em 2006. A conclusão é do Banco de Portugal e surge no Boletim Económico de Primavera do banco central, documento que analisa o desempenho da economia no ano anterior.
"O défice orçamental apresentou uma redução significativamente e superior à prevista, passando de 6% para 3,9% do PIB. Este resultado traduziu a melhoria do saldo estrutural, alcançada em igual medida através da contenção da despesa pública e do aumento da receita", lê-se na introdução do texto divulgado esta tarde.
Fonte : Boletim da Primavera do Banco de Portugal
Importa prosseguir nesta rota para que Portugal, uma das mais velhas nações do mundo, possa ter futuro! Aos invejosos deste desempenho, gostaria de relembrar o que grande Teixeira de Pascoes disse sobre a INVEJA:
"O sentimento de independência, o poder de individualidade, é também a virtude deste defeito. A vil tristeza apagou-nos o carácter, o dom de ser. Somos fantasmas querendo iludir a sua oca e triste condição. Por isso, o valor alheio nos tortura, revelando, com mais clareza, a nossa própria nulidade. A inveja é ainda uma reacção do indivíduo contra a morte; e a calúnia é a sua arma (...)"
In "A Arte de Ser Português"

Financial Times

Publicada por José Manuel Dias


« O clima económico e político de Portugal mudou», constatou o Financial Times de 11 de Abril, numa análise ao Governo de José Sócrates.
Em menos de dois anos, o défice português - que no início de 2005, representava 6,8% do Produto Interno Bruto - caiu para 3,9%». Na previsão dos especialistas, até final do ano, esse valor deverá situar-se « perto dos 3% - máximo permitido nos países que integram a Zona Euro».
« O crescimento português é o mais baixo da União Europeia e representa menos de metade da média do Bloco». Apesar disso, os cortes e as reformas estruturais do Governo socialista, contestado em vários sectores da Função Pública, « arrancam elogios de Joaquim Almunia, Comissário Europeu para os Assuntos Monetários».
Fonte : Semanário Sol de 14 de Abril

Uns...

Publicada por José Manuel Dias


Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem: outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.
Por que tão longe ir pôr o que está perto
— A segurança nossa?
Este é o dia,
Esta é a hora,
este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.
Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos.
No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos.
Colhe o dia, porque és ele.
Ricardo Reis ( heterónimo de Fernando Pessoa)

Palavras que impõem respeito

Publicada por José Manuel Dias

Ser engenheiro, doutor, arquitecto é muito mais importante do que ser competente, eficaz, íntegro e digno. A Imprensa portuguesa devolve a imagem do sítio onde existe: está pejada de doutores, engenheiros e arquitectos, quase todos péssimos jornalistas. E quase todos ascendentes a cargos de directoria, por atalhos amiúde sombrios. Escrevem desamparados de gramática e pouco favoráveis a reflectir sobre os acasos que apadrinham as razões.

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Se desconfiamos de Sócrates temos todo o direito de desconfiar daqueles que de ele desconfiam, de modo tão obsidiante. A arfante diligência com que jornais e televisões (não todos, não todas) desancam o homem – dá que pensar. E a vida ensinou-nos que nada acontece por banal prolongamento do acaso.
Ao que julgo saber, a história foi anunciada, há quase dois anos, na blogosfera. Porquê só agora este insistente apego a uma revelação que, afinal, o não é? As consequências possíveis das afirmações implicam os termos de uma responsabilidade que a entrevista de José Sócrates à RTP abordou, com demonstrada capacidade do entrevistado.
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A entrevista na RTP, dirigida, com áspera combatividade, por Maria Flor Pedroso e José Alberto Carvalho, procurou captar a totalidade dos problemas propostos. Sócrates esclareceu, documentado e argumentativo, as aparentes sombras projectadas no seu currículo académico. A pressão foi tremenda. Raramente assisti, em televisão, a um programa rodeado por tanto constrangimento. Pouca gente aguentaria a forma não fragmentada, não alusiva, mesmo não iludente com que as perguntas foram colocadas. Uma única vez José Sócrates se emocionou. A frieza de frigorífico do seu comportamento deslizou, por trémulos instantes, quando falou no tempo de estudante pós-laboral. "O homem, afinal, é humano", comentou um velho amigo, experimentado routier do jornalismo.
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O exame das diferentes modalidades da entrevista demonstrou a extrema habilidade de Sócrates no confronto televisivo, com leve sabor a julgamento público. Porém, caucionou a coragem de um homem que esclareceu aspectos na aparência dúbios, e protestou contra as equivalências da infâmia a ele dirigidas, sob a forma de "necessidade de informar". Não foi José Sócrates quem saiu derrotado ou enxovalhado do diálogo. Até no caso da Ota, cuja escolha sou dos que criticam. E Maria Flor Pedroso e José Alberto Carvalho bem o cercaram, nunca lhe deram tréguas nem descanso. Não houve impersonalidade. Não houve subserviência. Não houve "distanciação". Demonstrou-se, isso sim, a caracterização do papel desempenhado pelos três protagonistas. Esperava-se uma sangueira. Não foi.
Deplorável a declaração de Marques Mendes, cada vez mais desorientado e confuso. Lamentável a irritação de Pacheco Pereira, cada vez mais vítima de incontrolável egolatria.
Baptista Bastos, Jornal de Negócios de 13 de Abril