Boas entradas

Publicada por José Manuel Dias


Aproxima-se 2007.
Todos nós temos de escolher a moeda com que vamos contruir o nosso futuro. Desenvolvimento e prosperidade ou atraso e pobreza. Quatro faces de duas moedas que cada vez mais se excluem e cujo curso nos determina o futuro.
Escolher a boa moeda depende da nossa atitude. Ser solidário é, seguramente, uma grande ajuda para que a a boa moeda possa expulsar a má.
A todos os que nos visitam apresentamos votos de Bom Ano Novo.

Ensino Superior : avaliação da OCDE

Publicada por José Manuel Dias


O relatório de avaliação do sistema do ensino superior em Portugal preparado pela Divisão de Educação da OCDE foi recentemente apresentado ao Governo Português. O relatório ressalta os aspectos positivos registados nas últimas décadas em Portugal, nomeadamente em termos de números de inscrições no ensino superior ( de cerca de 30.000 em 1960 para 400.000 em 2000) e identifica os actuais desafios, assim como as principais reformas que deverão ser introduzidas em Portugal.
As recomendações da OCDE organizam-se em seis grandes tópicos, como resumido seguidamente, com referência aos parágrafos específicos do relatório da OCDE : 1) coordenação e gestão do sistema; 2) governação e estatuto legal; 3) financiamento e eficiência do sistema; 4) acesso e equidade; 5) qualidade e excelência nos sistemas de ensino superior e de ciência e tecnologia; 6) abertura das instituições à sociedade.
De entre estes pontos, destacamos :
- O actual sistema de governação das instituições de ensino superior é considerado como esgotado face aos desafios que emergem e deverá ser aberto à sociedade;
- O sistema actual manifesta inúmeras ineficiências, nomeadamente ao nível da duplicação de cursos e programas de estudo com baixa atractividade e de uma insuficiente cooperação e colaboração entr instituições de forma a permitir uma maior mobilidade de estudantes;
- Mais de 15% dos alunos em Portugal não termina o 9º ano e 60% não termina o 12º ano, adicionalmente perto de 40% dos alunos do ensino superior não terminam o seu curso;
- As instituições do ensino superior encontram-se de forma geral excessivamente fechadas e pouco ligadas às necessidades da sociedade e às exigências do mercado de trabalho e manifestam uma insularidade que urge ultrapassar.
O relatório é uma avaliação extensiva, independente e objectiva de acordo com critéros internacionais, visando melhorar e orientar a reoganização e racionalização do sistema de acordo com as melhores práticas internacionais. Temos, pois, um grande caminho pela frente, na procura de uma melhor gestão dos dinheiros públicos, que o mesmo é dizer dos nossos impostos, e na melhoria do ensino, a bem do nosso país.

Existimos em Função do Futuro

Publicada por José Manuel Dias


Tentai apreender a vossa consciência e sondai-a. Vereis que está vazia, só encontrareis nela o futuro. Nem sequer falo dos vossos projectos e expectativas: mas o próprio gesto que surpreendeis de passagem só tem sentido para vós se projectardes a sua realização final para fora dele, fora de vós, no ainda-não. Mesmo esta taça cujo fundo não se vê - que se poderia ver, que está no fim de um movimento que ainda não se fez -, esta folha branca cujo reverso está escondido (mas poderia virar-se a folha) e todos os objectos estáveis e sólidos que nos rodeiam ostentam as suas qualidades mais imediatas, mais densas, no futuro. O homem não é de modo nenhum a soma do que tem, mas a totalidade do que não tem ainda, do que poderia ter. E, se nos banhamos assim no futuro, não ficará atenuada a brutalidade informe do presente? O acontecimento não nos assalta como um ladrão, visto que é, por natureza, um Tendo-sido-Futuro. E, para explicar o próprio passado, não será a primeira tarefa do historiador procurar o futuro?
Jean-Paul Sartre ( 1905/1980) , in 'Situações I', ensaio político.

Boas festas

Publicada por José Manuel Dias


Mais um ano que se aproxima do seu término. Ocasião para renovadamente alimentarmos o desejo de um tempo e um espaço onde "cada homem viva como um homem". Ocasião para reiterarmos as nossas convicções e afirmarmos que um dia será possível:
" habitar uma terra onde não se cortem as árvores só para que não façam sombra aos arbustos";
" viver num mundo onde não se cuide mais do fato que da consciência, da bolsa que da alma".
Votos de um Feliz Natal e um Excelente Ano de 2007 a todos que nos visitam.
Na imagem a maior árvore de Natal da Europa- a árvore do MilenniumBcp - instalada na Praça do Comércio, em Lisboa. Tem 75 metros de altura, um peso de 280 toneladas, 2,35 milhões de micro-lâmpadas, 26 mil metros de mangueira luminosa e 410 metros de néon.

Lições para Portugal

Publicada por José Manuel Dias



1. A reestruturação da economia finlandesa só foi possível com uma aposta clara na qualificação e requalificação dos recurosos humanos. Readaptção e versatilidade são palavra-chaves num país cuja estratégia nacional assenta na inovação. Por isso, a formação contínua ao longo da vida dos indivíduos é, há vários anos, uma prioridade clara para as autoridades finlandesas.
2. Os espanhóis, através da marca Zara, do grupo Inditex, estão presente nas maiores cidades do Mundo ( Aveiro é uma delas...), o Santander é um dos maiores bancos mundiais e a Telefónica não pára de crescer. Uma imagem de marca forte, agressividade comercial e serviços inovadores explicam este sucesso.
3. O espírito combativo dos finlandeses e a grande perseverança explicam o sucesso do país dos "mil lagos". Trabalho, mérito, poupança, paciência e sacrifício são valores dominantes na Finlândia e que se reflectem nas suas organizações.
4. A Irlanda até meados da década de 90 produzia bens tradicionais com baixo valor acrescentado. A aposta na educação, a redução de impostos, a reforma da administração pública e a concertação social, concorreram para o grande influxo de investimento estrangeiro registado. Bom capital humano e elevado investimento directo estrangeiro permitiram à economia inovar e crescer.
Adaptado da Revista "Exame", Edição Especial 2006

O espaço público

Publicada por José Manuel Dias


Vê-se que o espaço público falta cruelmente em Portugal. Quando há diálogo, nunca ou raramente ultrapassa as «opiniões» dos dois sujeitos bem personalizados (cara, nome, estatuto social) que se criticam mutuamente através das crónicas nos jornais respectivos (ou no mesmo jornal).O «debate» é necessariamente «fulanizado», o que significa que a personalidade social dos interlocutores entra como uma mais-valia de sentido e de verdade no seu discurso. É uma espécie de argumento de autoridade invisível que pesa na discussão: se é X que o diz, com a sua inteligência, a sua cultura, o seu prestígio (de economista, de sociólogo, de catedrático, etc.), então as suas palavras enchem-se de uma força que não teriam se tivessem sido escritas por um x qualquer, desconhecido de todos. Mais: a condição de legitimação de um discurso é a sua passagem pelo plano do prestígio mediático - que, longe de dissolver o sujeito, o reforça e o enquista numa imagem «em carne e osso», subjectivando-o como o melhor, o mais competente, o que realmente merece estar no palco do mundo.
In " Portugal, Hoje. O Medo de Existir", GIL, José (2004), Relógio d´Água, Lisboa

Problemas e oportunidades

Publicada por José Manuel Dias



Em meados dos anos 60 algumas empresas do sector do calçado iniciaram projectos de exportação para Angola. No mesmo do dia, dois vendedores de empresas distintas, uma de Felgueiras e outra de S. João da Madeira, desembarcaram em Luanda. Tinham como propósito fazer um levantantamento das potencialidades do mercado. No final do dia, depois de terem conhecido a cidade, mandaram "telexes" (os faxes apareceriam duas décadas mais tarde) para as gerências das respectivas empresas. Um deles dizia " Senhores, cancelem o projecto de exportação para Angola. Aqui ninguém usa sapatos! ". O outro dizia " Senhores, enviem-me, desde já, três contentores de sapatos e acelerem o projecto de exportação. Aqui andam todos descalços".
A mesma situação foi interpretada de modo diferente pelos dois vendedores. Onde um viu dificuldades, o outro viu oportunidades. Tudo na vida pode ter sempre duas visões. Depende de cada um de nós transformar problemas em oportunidades.

Portugal é dos melhores

Publicada por José Manuel Dias

Portugal é o 13º país, em 180, com mais baixa taxa de mortalidade infantil. De 1990 até 2005, a taxa passou de 14 mortes por cada mil crianças para apenas cinco, de acordo com o relatório Situação da Infância em 2007 divulgado pela UNICEF.
Portugal é, também, um dos países do mundo com esperança média de vida mais elevada, 78 anos. Só dez países no mundo têm uma taxa superior à portuguesa a este nível.

Aprender compensa

Publicada por José Manuel Dias


Que mensagem usaria para convencer os trabalhadores e empresas a aderir à formação profissional?

A mensagem que importa sublinhar é que aprender compensa, existe uma relação clara entre os níveis de qualificação e os ganhos económicos e sociais.
Aos trabalhadores será útil dizer que uma qualificação de base mais elevada facilita o acesso a melhores empregos, mais interessantes e com melhores salários. Para as empresas, investir em qualificação é, também, condição fundamental de sucesso. Trabalhadores mais qualificados garantem melhores níveis de produtividade, maior capacidade de inovação, asseguram a realização de actividades mais exigentes em conhecimento e contribuem para reforçar a capacidade competitiva das empresas.
Resposta de Fernando Medina, Secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional, ao JN, Suplemento as 1.000 + rentáveis 2006

A lista...

Publicada por José Manuel Dias


A partir de Janeiro do próximo ano, o Fisco vai alargar os critérios de publicitação da lista dos devedores ao Estado, passando a divulgar as dívidas a partir dos 25 mil euros para as pessoas singulares e as de 50 mil para as colectivas. De acordo com notícia veiculada, nesta data, pelo jornal " Público" as Finanças pretendem com essa medida expor um maior número de contribuintes com dívidas ao Estado e acelerar o processo de regularizações. Desde o início da divulgação desta lista, em Julho, foram regularizados 1716 processos de dívidas, no valor de 40 milhões de euros. Parece poder concluir-se que a decisão do Governo, inicialmente contestada por uns tantos, é afinal eficaz. Existe muito " boa gente" que deveria pagar os seus impostos mas não o faz e, uma vez que não é titular de património penhorável, o Fisco não consegue fazer a respectiva cobrança.
A divulgação da lista tem efeitos positivos pois permite identificar os riscos de crédito dessas entidades. Ninguém quererá ter relações comerciais com quem não cumpre as suas obrigações fiscais, uma vez que " quem faz um cesto faz um cento...". Trata-se de uma informação relevante, dadas as dificuldades existentes na determinação do risco de crédito na maioria das nossas empresas e a morosidade na cobrança judicial das dívidas . Por outro lado, e não menos negligenciável, passa a existir uma censura social a quem se furta ao cumprimento das suas responsabilidades fiscais lesando o Estado que o mesmo é dizer todos nós.

Bons Professores

Publicada por José Manuel Dias


Os bons professores usam a memória como armazém de informação, os professores fascinantes usam a memória como suporte da criatividade. Os bons professores cumprem o conteúdo programático das aulas, os professores fascinantes também cumprem o conteúdo programático das aulas, mas o seu objectivo fundamental é ensinar os alunos a serem pensadores e não repetidores de informação.
In Pais brilhantes, Professores Fascinantes, CURY, Augusto (2003), Editora Pergaminho, Cascais

Consumismo cego

Publicada por José Manuel Dias


A nossa vida é influenciada em grande medida pelos jornais. A publicidade é feita unicamente no interesse dos produtores e nunca dos consumidores. Por exemplo, convenceu-se o público de que o pão branco é superior ao pão escuro. A farinha, cada vez mais finamente peneirada, foi privada dos seus princípios mais úteis. Mas conserva-se melhor e o pão faz-se mais facilmente. Os moleiros e os padeiros ganham mais dinheiro. Os consumidores comem, sem o saber, um produto inferior. E em todos os países em que o pão é a parte principal da alimentação, as populações degeneram. Gastam-se enormes quantias na publicidade comercial. Assim, imensos produtos alimentares e farmacêuticos inúteis, e muitas vezes prejudiciais, tornaram-se uma necessidade para os homens civilizados. Deste modo, a avidez dos indivíduos suficientemente hábeis para orientar o gosto das massas populares para os produtos à venda desempenha um papel capital na nossa civilização.
Alexis Carrel (1873, 1944) , in "O Homem esse Desconhecido"

«Empresa na Hora» vence prémio europeu

Publicada por José Manuel Dias


O projecto português «Empresa na Hora» foi, ontem, distinguido em Bruxelas com o prémio europeu de iniciativa empresarial na categoria de «redução da burocracia», num evento apoiado pela Comissão Europeia.
Estes prémios, lançados em 2005, visam reconhecer e recompensar iniciativas tomadas por autoridades locais para apoiar o espírito empresarial a nível regional, tendo aderido à competição mais de 400 autoridades locais e regionais de todos os países da União Europeia (UE), dos futuros Estados-membros Bulgária e Roménia, e ainda da Islândia e Noruega.
Das centenas de propostas foram escolhidas 13 finalistas, entre as quais o projecto «Empresa na Hora», o regime especial de constituição de sociedades que torna possível estabelecer empresas em menos de uma hora e com custos muito mais reduzidos, perante um único controlo administrativo.

O SIADAP e o fim da história

Publicada por José Manuel Dias


O SIADAP (Sistema integrado de avaliação de desempenho da administração pública) é um modelo de avaliação global que permite implementar uma cultura de gestão pública, baseada na responsabilização de dirigentes e outros trabalhadores relativamente à prossecução dos objectivos fixados, mediante a avaliação dos resultados. Está ser objecto de implementação em toda a Administração Pública e assenta em três componentes:
1) objectivos individuais - tendo em vista os objectivos do Serviço;
2) competências comportamentais - tendo em vista avaliar as características pessoais que diferenciam os níveis de desempenho numa função;
3) atitude pessoal - tendo em vista avaliar o empenho pessoal para alcançar níveis superiores de desempenho ( esforço, interesse e motivação).
A sua concretização está suscitar naturais dificuldades e algumas críticas, oriundas dos sectores que não estavam habituados a prestar contas do seu desempenho. As mudanças exigem sempre esforços adicionais e uma cultura de exigência e rigor ainda não é característica da nossa Administração Pública. Este sistema foi aprovado durante o Governo de Durão Barroso - Lei nº 10/2004, de 22 de Março - mas só, agora, por iniciativa do actual executivo, está a ser materializado. Quem está identificado com as práticas do sector privado e conhece as empresas mais competitivas sabe que a avaliação de desempenho é um instrumento essencial para termos profissioanis mais qualificados e serviços com a mais qualidade. Anda, pois, bem o Governo, ao fazer, o que está a fazer. Estamos no bom caminho. Histórias, como a que referimos infra, vão deixar de ter aderência à realidade da nossa Administração Pública.
Era uma vez quatro pessoas que se chamavam toda a gente, alguém, qualquer um e ninguém. Havia um importante trabalho que tinha que ser feito e toda a gente acreditava que alguém é que o iria executar.
Qualquer um poderia fazê-lo, mas ninguém o fez. Alguém ficou aborrecido com isso, porque entendia que a execução do trabalho era responsabilidade de toda a gente. Este pensou que qualquer um o poderia fazer, mas ninguém imaginou que toda a gente não o faria. Toda a gente culpou alguém, quando ninguém fez o que qualquer um poderia ter feito!

Desemprego continua a baixar

Publicada por José Manuel Dias


Em Setembro de 2006, o número de desempregados registados no distrito de Aveiro era de 31.818, um decréscimo de 4,35 por cento comparando com o mesmo mês do ano passado.
Aveiro, continua a ser o quinto distrito com mais desemprego registado. O número de desempregados registados representa 8,9% da população activa do distrito.
As mulheres continuam a ser mais afectadas: são 20.064 em Setembro 2006, 63% dos desempregados registados e os de longa duração atingem 14.251 trabalhadores, 44,8% do desemprego do distrito.
O desemprego registado dos jovens com idade inferior a 35 anos, é de 12.240, 38,5% do desemprego registado no distrito e o registado na faixa etária dos 35 aos 54 anos, é de 13.360, 42% do desemprego registado no distrito.

Philip Kotler

Publicada por José Manuel Dias


O autor de Marketing Management esteve mais uma vez em Portugal. Doutorado em Economia pelo Massachusetts Institute of Technology, leccionou Marketing Internacional na Kellog Graduate School of Management, da Northwestern University, uma das mais prestigiadas escolas de pós-graduação em Gestão do mundo. No Fórum Mundial de Marketing e Vendas 2006, realizado em Lisboa, Kotler proferiu uma lição sobre o Marketing orientado para os resultados. Iniciou a sua intervenção com a seguinte questão: " O que é que um Chief Marketing Officer ( CMO) deve fazer?". Segundo Kotler, o marketing tem de trabalhar para as vendas, é um impulsionador. " O novo mercado é implacável", lembra.
"A grande aposta hoje é a comodotização: temos de ser diferentes, de qualquer maneira, na proposta de valor; fazer melhor não é estratégia operacional, como dizia Porter. Copiar não chega".
De acordo com Phillip Kotler as cincos aptidões mais importantes do CMO são:
1. Recolher informações mais aprofundadas sobre os clientes;
2. Posicionar melhor a sua marca;
3. Encontrar novas ideias para produtos e serviços inovadores;
4. Comunicar com mais impacto.
5. Avaliar o seu impacto financeiro e conseguir maior alavancagem e respeito pelo marketing no interior da sua organização.

A defesa do Estado Social

Publicada por José Manuel Dias


Façamos uma leitura desapaixonada da realidade portuguesa, focalizando nas duas últimas décadas (números de Medina Carreira, fiscalista e ex- Ministro das Finanças de um Governo PS):
A economia cresceu 80%; as arrecadações fiscais, 155%; a despesa total, 170%; os salários, as pensões e os subsídios, 209% .
O peso das despesas públicas subiu assim mais de 50% entre 1980 e 2000 (30,9% do PIB em 1980 e 46,6% em 2000), com o crescimento económico sempre em desaceleração (7,5% em média anual nos anos 60, 4,5% nos anos 80, 2,7% nos 90 e, provavelmente, não mais que 1,5% entre 2000 e 2010).
Entre 1980 e 2000 a carga fiscal portuguesa aproximou-se muito da média da UE dos 15. O número de funcionários públicos e de pensionistas (SS+CGA) era de 560.000 funcionários e 1.780.000 pensionistas, em 1980 e cresceu para 747.000 funcionários e 2.907.000 pensionistas, em 2000. Nesse período a população terá crescido entre 5% a 10%.
A expansão da carga fiscal foi dupla da criação de riqueza (PIB), mas apesar do bom comportamento financeiro dos impostos, entre 1980 e 2000, regista-se um enfraquecimento acelerado da capacidade fiscal para suportar as despesas.
O actual Governo tem noção desta realidade e, pela primeira vez na história da nossa jovem democracia, o orçamento reflecte uma diminuição do peso da despesa pública relativamente ao PIB.
Os políticos da oposição têm sugerido mezinhas para resolver problemas de fundo ou tentam, irresponsavelmente, manter tudo como está, pensando que é com manifestações e acções de rua que se conseguem "garantir os direitos". Ignoram uma realidade incontornável, se a economia não providenciar os fundos necessários, o Estado Social não funcionará ou funcionará de forma deficiente.
Modernizar a economia, qualificar a mão de obra, incentivar a melhorar do desempenho nas empresas privadas, reformar a administração pública, desburocratizar o seu funcionamento, requalificar o seu pessoal e implementar uma avaliação eficaz do seu desempenho, combater a fraude e a evasão fiscais, são, pois, condições essenciais à melhoria da nossa competitividade e, por essa via, ao dinamismo da nossa economia.
O modelo do Estado Social, nos moldes em que tem funcionado, está em discussão em toda a Europa. Sem modificações sérias e profundas está comprometido. Quem quer que o Estado Social permaneça - assistindo aos que temporariamente ou por circunstâncias adversas se encontram impossibilitados de se valerem a si próprios - deve ter noção que as mudanças são necessárias e urgentes. Se não formos bem sucedidos nesses propósitos as maiores vítimas serão os mais desfavorecidos da nossa geração e serão as gerações seguintes que pagarão o preço do nosso egoísmo e da nossa irresponsabilidade.

Palavras que impõem respeito

Publicada por José Manuel Dias


A crescente importância das instituições intermédias na implementação de políticas públicas exige que elas se afirmem como entidades complementares, e não como barreiras ao desenvolvimento. O que implica perceber que as suas independência e liberdade de iniciativa passam mais pelo reforço do mercado e da liberdade individual do que pelas boas graças e pelos subsídios do Governos; pelas políticas públicas de acordo com as quais os serviços privados, estatais e sociais contribuem para uma sã concorrência e uma cultura de responsabilização; por uma cultura menos assente no saque dos dinheiros públicos e mais dependente da organização, da busca de novas e mais criativas soluções para os problemas públicos. As universidades são talvez um bom exemplo de uma certa dificuldade em superar as incapacidades próprias, não através de um reforço do corporativismo, mas pela distinção pela qualidade do serviço oferecido, ou seja, dando respostas mais adequadas às novas exigências e ao potencial de um «mercado» em busca de um novo enquadramento legal e de novos desenhos organizativos.
Sabemos bem que a missão destas organizações se situa quase sempre no longo prazo, mas isso não as dispensa de resultados. Muito menos de justificar todos os dias a sua existência em função dos resultados. Tais instituições, a começar pelas que se assumem sem fins lucrativos, devem ser avaliadas pelas intenções e motivações mas principalmente pelos resultados. É por isso que, de forma permanente, os seus responsáveis se devem interrogar sobre a adequação entre esforços e resultados e se não seria possível utilizar melhor os seus recursos. O que implica um exame e uma avaliação contínuos dos seus programas e projectos no sentido de saber se estão a evitar desperdício ms também se estão a dar «lucros» efectivos, medidos em termos do chamado capitalismo cívico.
MOREIRA, José Manuel ( 2002), Ética, Democracia e Estado, Cascais, Principia

Os números não enganam...

Publicada por José Manuel Dias


Os números são reveladores : há já vários anos que a despesa anual em Educação é em Portugal equivalente a 5% do Produto Interno Bruto (PIB, a riqueza produzida pelo país). O esforço financeiro é grande, quando a referência é o resto da União Europeia, mas os resultados não têm sido proporcionais.
Portugal regista, de acordo com o Eurostat, a mais elevada percentagem de abandono escolar precoce da Europa dos 15, com um valor de 42,6%. Segue-se a Espanha com 29,9%, enquanto a Finlândia, com 8,9%, a Suécia com 7,7% e a República Checa com 5,5% evidenciam a melhor performance do conjunto dos 15.
No que concerne à população entre os 25 e os 64 anos que completou o ensino secundário, Portugal tem, também, o pior desempenho - apenas 26,2%, seguindo-se a Espanha com 48,4%. Figuram no topo países como República Checa, Estónia ou Lituânia, com valores próximos dos 90%. Suécia, Finlândia e a Alemanha, registam valores superiores a 80%.
Estima-se que o PIB português poderia ter crescido mais 1,2 pontos percentuais cada ano, entre as décadas de 1970 e 1990, se os nossos níveis de escolaridade estivessem equiparados à média dos países da OCDE. De acordo com Ján Figel, comissário Europeu para para Formação e Educação:
" Não se pode ter um ensino superior de qualidade sem ensinos pré-primário, primário e secundário de qualidade. Os melhores resultados ao nível europeu, foram conseguidos à custa de abordagens para o longo prazo e graças a uma ligação horizontal entre educação/formação e muitas outras áreas conexas. Uma perspectiva oposta a uma concepção por vezes ainda prevalecente de um distanciamento elistista face à realidade social e industrial. Sei que este ano lectivo, foi adoptada ( em Portugal) alguma legislação para o processo de Bolonha. Demorará o seu tempo, levá-la do Parlamento ao mundo real, mas Portugal está a mexer e na boa direcção".
Fonte : JN de 30 de Novembro, suplemento
Temos pela frente grandes desafios, as gerações mais novas não nos perdoarão se não soubermos agarrar esta oportunidade para fazermos as mudanças necessárias.

A vida custa a todos...

Publicada por José Manuel Dias


Quem assistiu ontem ao Programa "Prós e Contras", da RTP1, teve uma excelente oportunidade para tomar conhecimento dos "reais" problemas das Universidades e dos desafios que se colocam ao Ensino Superior. As dificuldades vivenciadas por Portugal obrigaram o Governo a reduzir em 6,2% o valor das transferências para as Universidades, a exemplo, de resto, do que está a acontecer nos mais variados sectores. Esta quebra de transferências põe em risco, no entender de alguns senhores Reitores, o salário dos respectivos professores.
Sucede, entretanto, que as Universidades públicas têm mais de 1.000 (!!!) licenciaturas, algumas das quais com menos de duas dezenas de candidatos ao 1º ano, e parte delas, com reduzido grau de empregabilidade por desajustamento dos curricula às efectivas necessidades do tecido empresarial. Cursos e licenciaturas decididos pelas respectivas Universidades ou, melhor dizendo, por alguns dos seus professores.
O Governo solicitou, assim, uma avaliação externa a uma entidade internacional de modo a aferir da qualidade do ensino superior ministrado em Portugal e deu um prazo às Universidades para implementarem o Acordo de Bolonha, na linha, de resto, do observado na maioria dos países da OCDE. Um estudante do ensino superior público custa em média, a cada contribuinte, cerca de € 5.000,00 ano, enquanto o mesmo estudante no ensino superior privado fica por metade do valor.
São, pois, muitos os desafios que se colocam ao ensino superior público. Desde logo, procurando melhorar a qualidade do ensino, gerindo com eficiência e eficácia, procurando obter recursos adicionais, uma vez que as Universidades podem conseguir receitas próprias pela prestação de serviços. Por outro lado, e uma vez que o reforço do orçamento para a Ciência foi de 250 milhões de euros, dos quais 170 milhões destinados às Universidades, poderão captar mais recursos desde que apresentem projectos concretos através dos seus Centros de Investigação. O discurso dos Reitores não aponta, no entanto, nesse sentido e, pelo contrário, enfatizam a necessidade de "terem mais dinheiro", como se houvesse uma qualquer varinha de Harry Potter capaz de transformar os desejos em realidade. Combater o desperdício, eliminar as ineficiências, coordenar esforços inter escolas, concretizar parcerias, desenvolver projectos com empresas, são palavras ainda pouco comuns na linguagem dos académicos mas que a necessidade, ditada pela escassez dos recursos, vai obrigar a trazer para o seu quotidiano.
A Universidade é "uma borboleta que tem de sair do casulo e tem de aprender a voar" para usar as palavras do Professor Luis Moniz Pereira, um dos participante no Painel, que defendeu as mudanças propostas pelo Governo. Acrescentou, ainda, que os reitores deviam ser mais pró-activos em ordem a pugnar pela melhoria crescente da qualidade do ensino da respectiva escola, assegurando uma gestão mais eficiente dos recursos.
Vivemos uma época de grandes mudanças e, a todos os níveis, é preciso fazer mais e melhor, com menos dinheiro. São estas situações que exigem líderes transformacionais que desenvolvam e projectem uma visão do futuro e encorajem os outros a contribuirem nessa direcção. Ontem, os magníficos reitores com o seu discurso não assumiram essa postura, limitando-se a exprimir a vontade de continuar a "gerir com normalidade", solicitando mais verbas do OGE ( dinheiro de todos nós) para manter a situação existente. O Ministro da Ciência e do Ensino Superior que explicou, de modo detalhado as razões que presidiram ao respectivos cortes, afirmou-se convicto que as Universidades saberiam agir em conformidade com estes constrangimentos, impostos pela situação vivenciada pelo país, procurando optimizar a gestão dos recursos. Diz o ditado: a necessidade aguça o engenho...ou, dizemos nós, a vida custa a todos.

Síndrome de Estocolmo

Publicada por José Manuel Dias


A Síndrome de Estocolmo é um estado psicológico desenvolvido por pessoas que são vítimas de sequestro ou por pessoas detidas contra sua vontade – os prisioneiros desenvolvem um relacionamento afectivo com os seu(s) captor(es). Essa solidariedade pode algumas vezes assumir foros de cumplicidade, com os presos a ajudar os captores a alcançar seus objectivos ou a fugir da polícia.
A síndrome desenvolve-se a partir de tentativas da vítima de se identificar com seu captor ou de conquistar a simpatia do sequestrador.
A síndrome recebe seu nome em referência ao famoso assalto ao Kreditbanken em Norrmalmstor, Estocolmo que durou de 23 de Agosto a 28 de Agosto de 1973. Nesse acontecimento, as vítimas continuavam a defender seus captores mesmo depois dos seis dias de prisão física terem terminado e mostraram um comportamento reticente nos processos judiciais que se seguiram. Duas das vítimas acabaram por se casar com os sequestadores após o término do processo. O termo foi cunhado pelo criminólogo e psicólogo Nils Bejerot, que ajudou a polícia durante o assalto, e se referiu à síndrome durante uma reportagem. Ele foi então adoptado por muitos psicólogos no mundo todo.
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Recentemente, um ex-deputado de um partido da oposição trouxe para o léxico político este termo, procurando criticar o comportamento do respectivo líder que se recusa a fazer oposição ao Presidente da República apesar de não apreciar a " cooperação estratégica do PR com o Governo".

Microcrédito

Publicada por José Manuel Dias


O conceito nasceu há 30 anos, no Bangladesh, quando em plena "maré de fome", Muhammad Yunus percebeu que o acesso a 27 dólares, era o suficiente para que 40 mulheres pudessem fugir das garras dos agiotas, que as mantinham permanentemente endividadas. Foi assim que nasceu o Grameen Bank, cuja regra é dar crédito a quem tem a ideia de um pequeno negócio de subsistência, mas não tem acesso à Banca tradicional, porque é pobre e não tem garantias.
A atribuição do Prémio Nobel da Paz de 2006 a Muhammad Yunus e ao Grameen Bank releva a importância que o combate à exclusão social tem para a construção da paz e premeia um homem que não se ficou por dar aulas de Economia na Universidade de Chittagong e criou uma instituição original, um banco que empresta dinheiro aos mais pobres, o Grammen Bank, permitindo-lhes criar iniciativas empresariais.
Vale a pena registar as palavras de Muhammad Yunus : " A minha posição é que os seres humanos são todos basicamente empreendedores. Esse espírito não está limitado a um grupo de pessoas ou a um grupo de países. É o fundamento dos seres humanos, somos uma espécie empreendedora".
Em muitos países os governos não se envolvem no microcrédito; em Portugal mereceu especial atenção, como forma de combater o desemprego e a economia paralela, contando com a colaboração da generalidade das instituiçõe bancárias.

Desempenho que merece aplausos

Publicada por José Manuel Dias


A organização e racionalização dos processos produtivos é fundamental na eficiência e produtividade de qualquer organização e a DGCI não é excepção. É essencial a aposta e o esforço de concretização destes vectores a todos os níveis da organização e envolvendo todos os colaboradores. A procura de novas formas de melhorar processos deve ser um esforço conjunto de que a qualidade da organização como um todo só poderá beneficiar.
E, nesta óptica, a desburocratização e a simplificação assumem para a DGCI particular relevância, uma vez que induzem a:
- maior transperência;
- redução de custos de contexto;
- aumento dos níveis de eficiência e eficácia;
- aumento dos níveis de cumprimento voluntário;
- redução dos níveis de evasão e fraude fiscais.
Paulo Macedo, Director Geral de Contribuições e Impostos, in Revista Dirigir, nº 95
De acordo, com informação do Ministério das Finanças, estão a ser consideradas, entre outras, como prioridades :
a) controlo de imputação de lucros das sociedades off-shore;
b) sectores de elevado risco ( Vg. sucata e construção civil);
c) relações entre os clubes, as SAD, os respectivos membros dos órgãos sociais e as sociedades detidas por estes membros;
d) mais valias imobiliárias e mobiliárias, rendimentos de capital obtidos no exterior, remunerações em espécie, sinais exteriores de riqueza evidenciados.
Depois da penhora de carros topo de gama a contribuintes relapsos, a Direcção-Geral dos Impostos (DGCI), de acordo com notícia avançada hoje pelo Jornal de Negócios, tem em curso, desde a passada sexta-feira, uma acção maciça de penhora de certificados de aforro a contribuintes com dívidas ao fisco. A acção atingirá, nesta fase, cerca de 1.500 devedores.
Todas estas acções têm concorrido para a melhoria da eficiência fiscal com que todos nos congratulamos. Existe, ainda, como propósito da Administração Fiscal para este ano, o reforço do combate à economia paralela ( estimada, pelo Fisco, em valor superior a um quinto do PIB). A generalização da consciência social do imposto é, cada vez mais, uma necessidade. Estamos, por isso, no bom caminho e a nossa Administração Fiscal merece aplausos.

Sabedoria dos clássicos II

Publicada por José Manuel Dias


1. Nada é permanente, salvo a mudança.

Heraclito
2. Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.
Sócrates
3. O convidado é melhor juíz de uma refeição que o cozinheiro.
Aristóteles
4. O ser capaz mora perto da necessidade.
Pitágoras
5. A utilidade mede a necessidade: e como avalias o supérfluo?
Séneca
6. Eles podem porque pensam que podem.
Virgílio

Pontualidade

Publicada por José Manuel Dias


De acordo com um estudo realizado pela AESE - Escola de Direcção e Negócios, no âmbito do projecto de pontualidade, 95% dos portugueses declara-se como " não pontual" , revelou ontem Diário Económico.
O estudo considera o "panorama geral desolador" o que reforça a necessidade de se levar a efeito uma campanha tendente a alterar este pernicioso comportamento.
A utilização de uma agenda bem organizada e realista é ainda uma prática pouco observada. A maioria das pessoas acaba por agendar mais tarefas do que aquelas que efectivamente pode realizar. Esta situação concorre para o facto de metade das reuniões não cumprir os objectivos para que foram convocadas. Apenas um terço das reuniões começa à hora agendada. As empresas que mais cumprem os horários e os prazos são filiais de empresas estrangeiras. O estudo conclui que a forma como lidamos com a pontualidade marca " a irresponsabilidade social e profissional com impactos na performance do nosso país".
Este fenómeno tem, como todos sabemos, consequências negativas quer no plano individual quer no plano das organizações e tem custos muito elevados. Que fazer então para inverter esta situação?
Podemos, e devemos, generalizar hábitos saudáveis. Horas são horas e uma reunião marcada deve começar a horas, independentemente do número de participantes. Os retardatários compreenderão que o silêncio que se faz à sua entrada, traduz uma censura, ainda que de forma diplomática, e tenderão a cumprir os horários numa próxima vez. Claro que uma das formas de transmissão de valores é o exemplo e, assim, quem tem mais reponsabilidades deve cumprir com o definido e sublinhar o valor do tempo.
Portugal precisa de andar a horas...Será que pode dar algum contributo para que a mudança se concretize?

Alvin Tofler

Publicada por José Manuel Dias


Alvin Toffler é um dos principais analistas de tendências, cenários e previsões. Depois de se ter formado em Letras na Universidade de Nova Iorque, foi escritor e jornalista, tendo chegado a editor adjunto da revista Fortune. A sua primeira obra de relevo, Choque do Futuro (1970), previa que as empresas se iriam transformar repetidamente através da redução dos níveis hierárquicos e da burocracia — um fenómeno que Toffler designa ad hocracia. A visão futura de Toffler era muito diferente da dos principais pensadores dos anos 70, que previam um futuro de ócio, após décadas de criação de riqueza e de padrões de vida elevados. Toffler previu um futuro de insegurança e humildade, no qual a tecnologia iria transformar os métodos de trabalho, em vez de acabar com o trabalho humano.
No início deste século tivemos oportunidade de assistir a uma brilhante Conferência deste guru da gestão na nossa cidade de Aveiro. Do que ouvimos na altura, passámos ao papel um conjunto de ideias que nos pareceram mais marcantes. De entre estas, seleccionámos uma, a propósito da gestão de conflitos: " Diversidade de entendimentos pode propiciar leituras diferentes sobre a mesma realidade. A tensão gerada conduz, na maioria das vezes, a novas e imaginativas soluções. Neste sentido o conflito na sociedade não é só necessário como, em certos limites, desejável".
Livros : Choque do Futuro. A Terceira Vaga. Os Novos Poderes. Criando uma Nova Civilização, em parceria com a sua esposa Heidi Tofler.

Palavras que dão que pensar...

Publicada por José Manuel Dias


" Não há nada mais difícil de levar a cabo, nem de êxito mais duvidoso, nem mais difícil de gerir, do que iniciar uma nova ordem das coisas. Porque o iniciador tem a inimizade de todos os que ganhariam com a preservação do velho sistema e apenas moderados defensores entre aqueles que ganhariam algo com o novo".
Nicolau Maquiavel (1469 - 1527)

Combater a corrupção

Publicada por José Manuel Dias


No passado dia 6 de Novembro, a Transparency Internacional apresentou o seu novo “Índice de Percepção da Corrupção”, em Berlim. No Verão passado, o Banco Mundial voltou a expressar o seu empenho na luta contra a corrupção como uma grande prioridade. Portugal é o 26º país menos corrupto. Em 163 países, Portugal está entre os 30 menos corruptos. Mantém a mesma posição de 2005. A eliminação do fenómeno em Portugal colocaria o nosso país ao nível de um desenvolvimento económico da Finlândia.
Fernando Pinto Monteiro, novo Procurador Geral da República, defendeu, na recente tomada de posse, a «criação de um juízo de censura, de um desejo de punibilidade existente na consciência moral do homem médio, que por isso deve ser sensibilizado para o problema».
Dados do Ministério Público apontam para a abertura de mais de 8 mil inquéritos relativos a fraudes, corrupção, crimes fiscais, branqueamento de capitais e infracções de tecnologia, entre Janeiro de 2005 e Outubro deste ano, noticia hoje o jornal "Diário Económico".
Estes números revelam uma média de 13 novos inquéritos por dia. A maioria incide sobre casos de corrupção (42,3 por cento), que estão a ser investigados pela Polícia Judiciária e dizem respeito a suspeitas que recaem sobre órgãos e dirigentes de autarquias.
Combater a corrupção é, pois, urgente e necessário ...ganhamos todos, ganhando Portugal.

O verdadeiro e o falso

Publicada por José Manuel Dias


A primeira diligência do espírito é a de distinguir o que é verdadeiro do que é falso. No entanto, logo que o pensamento reflecte sobre si próprio, o que primeiro descobre é uma contradição. Seria ocioso procurar, neste ponto, ser-se convincente. Ninguém, há séculos, deu uma demonstração mais clara e mais elegante do caso do que Aristóteles: 'A consequência, muitas vezes ridicularizada, dessas opiniões é que elas se destroem a si próprias. Porque, se afirmarmos que tudo é verdadeiro afirmamos a verdade da afirmação oposta, e, em consequência, a falsidade da nossa própria tese (porque a afirmação oposta não admite que ela possa ser verdadeira). E, se dissermos que tudo é falso, essa afirmação também é falsa. Se declararmos que só é falsa a afirmação oposta à nossa, ou então que só a nossa e que não é falsa, somos, todavia, obrigados a admitir um número infinito de juízos verdadeiros ou falsos. Porque aquele que anuncia uma afirmação verdadeira, pronuncia ao mesmo tempo o juízo de que ela é verdadeira, e assim sucessivamente, até ao infinito.
Albert Camus (1913-1960), in 'O Mito de Sísifo'

Learning organizations

Publicada por José Manuel Dias


A ideia de uma organização, como entidade viva, foi apresentada pela primeira vez por Chris Argyris e Donald Schon, em 1978. Estes autores defendiam que a aprendizagem das pessoas numa organização, transformava a própria organização. O reforço de formação dos colaboradores concorria para a melhoria do desempenho da própria organização. Partiam do pressuposto que o envolvimento de todas as pessoas reforçava a criação de uma cultura de aprendizagem colectiva em que os conceitos de partilha e colaboração seriam a materializados no crescimento individual, dos grupos e das organizações.
Estas "novas empresas" suscitavam a exigência de novas capacidades e competências aos respectivos gestores. O perfil do "novo" gestor alarga-se para além do tradicional papel desempenhado controlando, motivando e avaliando pessoas, o gestor precisa de saber ouvir, apreciando diferentes perspectivas em ordem a conciliar o que é melhor para a empresa com o que é melhor para os seus membros.
Uma organização em aprendizagem é, nas palavras de Peter Senge, autor do livro The Fifth Discipline, que disseminou o conceito, " uma organização que expande constantemente a capacidade de criar o seu futuro".
Se as nossas empresas fossem organizações aprendentes Portugal seria hoje, por certo, um país mais competitivo...

No bom caminho...

Publicada por José Manuel Dias


Foi hoje aprovada em Conselho de Ministros uma Proposta de Lei de autorização legislativa que visa dotar o sector empresarial do Estado de maior racionalidade e eficiência, na sequência da revisão do Código das Sociedades Comerciais e da recente aprovação na generalidade do novo Estatuto do Gestor Público.
Procede-se a um conjunto de alterações, das quais se destacam: (i) a classificação de empresas públicas através de resolução do Conselho de Ministros, com base na respectiva dimensão, que releva, designadamente, para efeitos de estrutura orgânica e regras de governo empresarial a adoptar e definição de regime remuneratório dos gestores; (ii) a distinção das orientações de gestão em três graus (orientações estratégicas, gerais e específicas), a ter em conta na avaliação de desempenho dos gestores; (iii) e a previsão de uma estrutura orgânica típica a adoptar pelas empresas de maior dimensão ou complexidade; (iv) a exigência de contratos de gestão com base em objectivos; (v) o reforço dos mecanismos de controlo financeiro e dos deveres de informação relativos a investimentos e fontes de financiamento e ao controlo do endividamento; (vi) o reforço do controlo da constituição de empresas públicas ou de aquisições de participações exigindo demonstração do interesse e viabilidade da operação.

Falta de estudo

Publicada por José Manuel Dias


Se um homem ama a honestidade e não ama o estudo, a sua falta será uma tendência para desperdiçar ou transtornar as coisas. Se um homem adora a simplicidade, mas não adora o estudo, a sua falta será puro prosseguimento na rotina. Se um homem aprecia a coragem, e não aprecia o estudo, a sua falta será turbulência ou violência. Se um homem elogia a decisão de carácter e não elogia o estudo, a sua falta será obstinação ou teimosa crença em si mesmo.
Confúcio, in 'A Sabedoria de Confúcio'

Palavras que impõem respeito

Publicada por José Manuel Dias

Decidi levar o meu neto Guilherme ao "Monster Jam". Como será a geração dele pagar muito do que egoisticamente gastamos a consumir, tenho de me penitenciar enquanto vivo, para que não me esqueça nas suas orações, quando me for entregue o bilhete para a viagem que todo efectuaremos.
António Almeida, economista, na coluna "Sem ambiguidades", Caderno de Economia, semanário Expresso de 4 de Novembro de 2006

Formação ao longo da vida e Plano Tecnológico

Publicada por José Manuel Dias


Portugal é, num grupo de 13 países da União Europeia (UE), o que menos tem investido nas pessoas. De acordo com um estudo publicado pelo "think tank" Lisbon Council, com sede em Bruxelas, a aposta nas qualificações ao longo da vida ( educação na família, escola, universidade, formação de adultos, aprendizagem/formsação laboral, etc) foi apenas 69,6 euros por português, em 2005. Menos 11% do que a vizinha Espanha e menos que metade face ao líder Suécia. O artigo da responsabilidade de Peer Ederer, economista da Universidade de Zeppelin, na Alemanha, sublinha as consequências das práticas seguidas por Portugal. A economia portuguesa tende a especializar-se em sectores de mão de obra barata e de baixo valor acrescentado.
Baseado em notícia do Diário Económico de 2 de Novembro de 2006
Esta realidade reforça a importância do Plano Tecnológico que, entre outras metas, reconhece a necessidade de qualificar os portugueses e estimular a inovação e modernização tecnológica, em ordem a aumentar de modo sustentado da nossa produtividade. O Plano Tecnológico está estruturado em três eixos de acção:
1 - Conhecimento - qualificar os portugueses para a sociedade de conhecimento;
2 - Vencer o atraso científico e tecnológico;
3 - Inovação - Imprimir um novo impulso à inovação.
Iniciativas como : a generalização do ensino de Inglês no 1º Ciclo, fazer do 12º ano o referencial mínimo de formação para todos, aumentar para 50% a percentagem de jovens que frequentam o ensino tecnológico, triplicar o número de patentes registadas, criação de um Cluster nas áreas das energias renováveis, criação da Marca na Hora e Empresa na hora, adopção da factura electrónica para todos os serviços do Estado, requalificação de um milhão de portugueses com a iniciativa Novas Oportunidades são apenas algumas dos objectivos/metas preconizadas pelo Plano Tecnológico e que têm como horizonte de realização plena o ano de 2010.
Temos metas ambiciosas que exigem esforço, motivação e empenho de todos nós. O futuro não é de facilitismos. Temos agora uma estratégia e a necessidade da sua materialização começa a ser óbvia até para os mais distraídos...

Foco no cliente

Publicada por José Manuel Dias


1. Um vendedor, qualquer que seja, não é mais que um servidor do público, ou de um público;
2. E recebe uma paga, a que chama o seu lucro, pela prestação desse serviço;
3. Ora toda a gente que serve deve, parece-nos, querer agradar a quem serve;
4. Para isso é preciso estudar a quem se serve, mas estudá-lo sem preconceitos nem antecipações;
5. Partindo, não do princípio de que os outros pensam como nós, mas do princípo que, se queremos servir os outros, nós é que devemos pensar como eles;
6. O que temos que ver é como eles efectivamente pensam e, não com seria agradável ou conveniente que eles pensassem.
Palavras escritas pela primeira vez no final dos anos 20 do século passado por um português que nos dá uma notável lição de marketing. Qualquer estratégia de qualquer empresa não pode negligenciar o cliente, razão primeira da sua existência, como ilustra, de modo exemplar, este talentoso "correspondente estrangeiro em casas comerciais", para usar a definição do próprio. O autor desta lição é Fernando Pessoa. Nascido em Lisboa a 13 de Junho de 1888, faleceu prematuramente em 30 de Novembro de 1935.

O Economicismo

Publicada por José Manuel Dias


Entre nós, a palavra economicismo ficou popular. Entrou pelo Dicionário da Academia das Ciências como "sobrevalorização dos aspectos económicos". Está conotada com o desdem do social. Contribui para a imagem dos economistas que vem da sombra do passado, como desmancha-prazeres das políticas públicas, porque vivem obcecados com os seus custos.
Entretanto, veio uma novidade. Quando os custos excessivos tornam inevitável a mudança, um economista é estimado, precisamente devido à fixação dos custos que lhe é imputada. É a continuação da vulgata economicista por outros meios.
Há bem mais do que isto. A economia é uma ciência das escolhas. Sugere como critério de mudança política que dela resulte um ganho líquido para a sociedade, que os benefícios que gera sejam superior aos custos que impõe. Sem excluir a análise de quem ganha e de quem perde.
(.../...)
Esta contribuição metodológica é actual. Um culto da mudança tem atravessado a nossa sociedade. A Economia recorda-nos que mudar só por mudar é pouco ou nada. Que é a análise sistémica dos custos e benefícios de diferentes opções que podemos esperar melhorar a qualidade do debate político e conseguir melhores políticas públicas.
João Confraria, Professor da FCEE, Univ. Católica in Expresso de 28 de Outubro de 2006
Um artigo oportuníssimo para quem comenta as mudanças, o possa fazer com mais rigor e com noção que o gasto público não é gasto alheio mas próprio (dos cidadãos contribuintes).

UA entra na parceria internacional com a Universidade Carnegie Mellon

Publicada por José Manuel Dias


Teve lugar ontem, no Parque de Exposições de Aveiro, a cerimónia de lançamento do programa de colaboração entre o Estado português e a Carnegie Mellon University (CMU), assim como a assinatura dos respectivos contratos e acordos de colaboração com a Universidade de Aveiro, outras universidades e centros de I&D nacionais. Presidida pelo Primeiro-Ministro, José Sócrates, a cerimónia contou com a participação do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago. Pela CMU estiveram presentes, o Presidente Jared Cohon, e o Director da Escola de Engenharia da Universidade norte-americana, Pradeep K. Khosla.
A Universidade de Carnegie Mellon (CMU), situada em Pittsburg, nos EUA, tem vindo a ser considerada ao longo dos anos uma das melhores escolas do mundo em áreas como a Informação e Gestão de Tecnologia, Sistemas de Informação, Informática (Ciência de Computadores), Engenharia de Computadores e em Electrotecnia.
A parceria entre a Carnegie Mellon University (CMU) e o Governo português na área das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) vai compreender o desenvolvimento de um instituto internacional de natureza virtual a designar por Information and Communication Technologies Institute.
O programa de acção do Instituto será centrado em temas de processamento e redes de informação, incluindo engenharia de software, redes de informação, segurança de informação e tratamento computacional da língua, mas envolvendo componentes aplicacionais de redes e tecnologias de sensores e gestão de infra-estruturas críticas, assim como de análise de políticas de informação e gestão do processo de mudança tecnológica, envolvendo, ainda, a área de investigação matemática.
O Programa CMU-Portugal insere-se no conjunto de acções que o Governo está a desenvolver para o fortalecimento da cooperação científica e tecnológica com instituições de reconhecido mérito internacional, de uma forma que venha potenciar projectos inovadores que contribuam efectivamente para reforçar a capacidade científica e de formação avançada em Portugal.
A nossa Universidade vê reconhecida a sua importância ao ter sido uma das escolhidas para esta parceria. O futuro está nas nossas mãos...Não desperdicemos, pois, estas oportunidades.

OE 2007

Publicada por José Manuel Dias


A tradição organizacional portuguesa deu sempre menos atenção ao desafio da produtividade, quer no sector privado, quer no sector público.
No primeiro, a preferência pela ausência de concorrência, desde os bens aos serviços, deu maior prioridade à captação de subsídios ou de licenças do Estado e no segundo conhece-se mal o próprio conceito de custo, especialmente nas empresas públicas cujos orçamentos acabam por ser supridos pelo Estado, aumentando a dívida pública.
Compreende-se, assim, que os indicadores actuais de produtividade do nosso país estejam próximos de apenas 60% da média comunitária.
A proposta de Orçamento de Estado para 2007, ao reduzir a despesa pública em 2,4% do PIB de 2005 para 2007 ( 47,8% para 45,4% ) insere-se no plano traçado e permitirá melhorar a qualidade de serviços prestados pelo sector público desde que se estabeleçam os necessários programas de melhoria da eficiência dos organismos e dos processos actuais.
Luis Valadares Tavares
Presidente do Instituto Nacional de Administração
in Diário Económico de 25 de Outubro de 2006

Máximas e reflexões

Publicada por José Manuel Dias


1. Nos homens, noventa por cento da satisfação, resulta da ideia que os outros homens fazem deles.
2. Algumas pessoas consideram o louvor ao mérito alheio como lesivo do mérito próprio.
3. Os trambolhões que os filhos dão na vida são muitas vezes devidos à cegueira do amor dos pais.
4. A pontualidade é uma condição importante da integridade de carácter.
5. A esperteza é a inteligência dos estúpidos.
6. A vida de um homem de juízo é a resultante de muitas renúncias.
7. Quando perderes, não percas a lição.
8. A razão para ser razão precisa de ser entendida.
9. Nunca te esqueças do ABC do êxito: competência, oportunidade, coragem.
10. Uma economia cresce quando os cidadãos produzem, não quando o governo gasta.
11. Todo o empréstimo que pede um governo, a prazo traduz-se num imposto para os cidadãos.
12. A consciência humana, em geral, termina no ponto em que principia o interesse.
Esolhidas ao acaso e com um único propósito: suscitar uma pequena reflexão sobre a vida, as atitudes os valores e os comportamentos. Fica feito o desafio.
Recolha baseada nos seguintes livros "Pequeno Livro de Instruções para a Vida". Vols I, II e III, Gradiva, Lisboa e " A contas com a Ética Empresarial", José Manuel Moreira, Principia, Cascais.

Comunicação

Publicada por José Manuel Dias


1. O que se quer dizer.
2. O que realmente se diz.
3. O que a outra pessoa ouve.
4. O que a outra pessoa ouve à luz do que quer ouvir.
5. O que a outra pessoa ouve à luz da sua experiência.
6. O que a outra pessoa diz que você disse e, depois, faz em função disso.
7. O que pensa que a outra disse - acerca do que você disse.

Novo Estatuto do gestor público - mais rigor e transparência

Publicada por José Manuel Dias



O Conselho de Ministros de 19 de Outubro aprovou, na generalidade, um diploma que institui o novo regime do Gestor Público integrado e adaptado às circunstâncias actuais, que abrange todas as empresas públicas, independentemente da respectiva forma jurídica, e que fixa sem ambiguidades o conceito de gestor público, definindo o modo de exercício da gestão no sector empresarial e as directrizes a que a mesma deve obedecer.
Relevam-se os padrões elevados de exigência, rigor, eficiência e transparência, os quais deverão ser também decorrência de uma ética de serviço público que não pode ser afastada apenas pelo modo empresarial de organização da actividade e da prossecução de finalidades públicas ou, pelo menos, com interesse público. Procede-se, de igual modo, à consagração do princípio da contratação da gestão assente em objectivos quantificados. Do cumprimento dos objectivos dependerá a remuneração dos gestores assente em rigorosa avaliação, nos termos de Resolução do Conselho de Ministros. Eliminam-se , ainda, as regalias e benefícios respeitantes a planos complementares de reforma.
A situação das contas públicas obriga a repensar o modo de funcionamento do Estado. A todos se exige, rigor e contenção, eficiência e eficácia, na gestão da "coisa pública". As gerações mais novas reclamam empenho na prossecução do desiderato perseguido : finanças públicas sãs e equilibradas.

Saber avaliar as situações

Publicada por José Manuel Dias


O que perturba os homens não são as coisas, mas os juízos que os homens formulam sobre as coisas. A morte, por exemplo, nada é de temível - e Sócrates, quando dele a morte se foi aproximando, de maneira nenhuma se apresentou a morte como algo de tremendamente terrível. Mas no juízo que fazemos da morte, considerando-a temível, é que reside o aspecto terrível da morte. Quando somos hostilizados, contrariados, perturbados, atormentados e magoados, não devemos sacar as culpas a outrem, mas a nós próprios, isto é, aos nossos juízos pessoais e mais íntimos. Acusar os outros das suas infelicidades é mera acção de um ignorante; responsabilizar-se a si próprio por todas as contrariedades é coisa de um homem que começa a instruir-se; e não culpabilizar ninguém nem tão pouco a si próprio, então, sim, então é já feito de um homem perfeitamente instruído.
Epicteto, filósofo, Roma ( 55-135) in 'Manual'

O orçamento e os números

Publicada por José Manuel Dias


O Estado para levar a cabo as suas tarefas tem que elaborar um Orçamento. Trata-se de um documento onde estão previstas todas as despesas que vai ter e onde se identificam as receitas previstas. Quando o Estado não consegue arrecadar receitas suficientes para cobrir todas as despesas a realizar, como tem sido recorrente no nosso país, tem necessidade de contrair empréstimos. Estes empréstimos, denominam-se Dívida Pública, porque são contraídos pelo Estado, entidade representativa de todos os cidadãos. Quanto maior for a Dívida Pública maior é a penalização das gerações mais jovens pois têm de amortizar dívidas que não contraíram.
Com base da proposta de Orçamento de Estado para 2007, analisemos, então, quais são as despesas previstas e como se vão financiar. Estão inscritas no Orçamento as seguintes despesas:
valores em milhões de Euros
Funções sociais ( Educação, Saúde, Segurança e Acção Sociais, Habit. e Cultura ) - 26.803,4
Funções de soberania ( Adm. Pública, Def. Nacional, Segurança e Ordem Pública) - 6.245,5
Funções económicas ( Agricult. e Pesca, Ind. e Energia, Transp. Comunicações, Com. e Turismo) - 1.754,7
Outras funções (inclui juros da Dívida Pública) - 9.859,9
O total de despesas atinge o valor de 44.699,50
De onde virão as receitas para financiar estas despesas ? Basicamente dos impostos, conforme se discrimina:
Impostos - 34.771,6
Transferências - 1.025,4
Venda de bens e serviços - 409,9
Rendimentos propriedade - 312,7
Txas e Multas - 572,0
As receitas estimadas para 2007 atingem um total de 37.129,65.
Conforme se pode verificar o Estado continua a gastar mais do que o que recebe, gerando um défice orçamental de 7.569,85 que tem de ser coberto pela Dívida Pública. Os esforços levado a cabo pelo Governo tendentes ao controlo da despesa pública traduziram-se, entretanto, numa diminuição do peso das despesas com pessoal. É possível, assim, perspectivar a redução do peso da despesa pública no PIB de 46,3% para 45,4%, a maior redução dos últimos 30 anos. O Ministro das Finanças fixou como objectivo para o défice público 3,7% do PIB. As reformas estão a dar os primeiros resultados mas ainda são muito incipientes para sossegarmos os mais novos que são, em última análise, quem vai ter de " pagar a factura", da acumulação de défices, sem poderem invocar os denominados "direitos adquiridos".

Planear o dia

Publicada por José Manuel Dias


Aquele que todas as manhãs planeia as transacções do dia e segue esse plano, dispõe de um fio condutor que o guiará através do labirinto da vida, por mais ocupada que essa seja.
A distribuição ordenada do tempo é como um raio de luz que ilumina todas as ocupações. Mas quando não se estabelece um plano, quando se deixa a distribuição do tempo apenas ao acaso, não tardará a reinar o caos.
Victor Hugo, romancista e poeta francês ( 1802-1885)

PRACE

Publicada por José Manuel Dias


A nova moldura organizativa da Administração Pública, que implica o fim de 188 serviços do Estado, merece, de acordo com notícia do Semanário Sol de sábado passado, o apoio do Presidente da República.
As 14 novas leis orgânicas dos ministérios e o diploma que define as regras de extinção, fusão e reestruturação foram promulgados na semana passada. Depois do "sim" de Cavaco Silva, os diplomas vão agora ser publicados em Diário da República.
É o passo que faltava para efectivar o Programa de Reestruturação da Administração Cental do Estado (PRACE). Quando apresentou o PRACE, em Março deste ano, o Governo anunciou que dos actuais 518 serviços da administração Pública, 246 seriam extintos, 271 seriam mantidos e seriam criados 60 novos serviços, restando assim 331. As extinções não podem levar mais de 40 dias úteis e as fusões e reestruturações não durarão mais de 60 dias úteis.
Começa agora verdadeiramente, a grande reforma da administração pública. Racionalizar estruturas. Extinguir serviços inúteis ou redundantes. Mexer nas carreiras, nas condições remuneratórias, nos vínculos. Incentivar a mobilidade. Libertar recursos excedentários. Avaliar, premiar e penalizar. Flexibilizar e motivar para agilizar. Dar mais poderes às hierarquias, responsabilizando-as pela concretização dos objectivos. Claro que todas estas mudanças serão geradoras de incómodos mas os bons funcionários ( verdadeiros servidores do público) sabem que a introdução de uma cultura de exigência e rigor, não pode deixar de premiar os mais capazes e desassossegar as mediocridades instaladas.
Estas mudanças terão natural contestação de alguns que privilegiam o imediato, com a manutenção dos "direitos adquiridos", negligenciando a segurança do futuro, mas o Governo garante que a reforma da administração pública vai ser para melhor. Todos sabemos, no entanto, que em todos os processos de mudança antes de melhorar a tendência é para piorar. O que importa, no entanto, é o resultado final. Os portugueses sabem que o que tem que ser feito, quanto mais tarde pior e perdoam o "mau sabor do remédio" pelo resultado obtido. Esperam, por isso, que o Governo faça o que tem que fazer. A bem de todos.

Ética e Negócios

Publicada por José Manuel Dias


Mas não será altura de perguntar o que é verdade? É algo real ou fictício, convencional e relativo ou absoluto? Por que razão há que "andar em verdade" nos negócios? Até que ponto se pode ocultar dados? Até que ponto a verdade se deve dizer? Terá o povo razão quando diz que "calar a verdade é enterrar o ouro" ou tão só quando previne "não digas o que sabes sem saber o que dizes"?
Será que continuam a ser verdadeiras as máximas de outros tempos?
"Para tratar de negócios com êxito é preciso ter da sinceridade apenas a aparência"; "Na vida mercantil é melhor ser esperto que inteligente"; " O queijo da riqueza é mais acessível aos ratos que às águias"; " A simpatia nas pessoas é apenas uma credencial da diplomacia psicológica",
Ou será que nos tempos que correm tais máximas devem ser substituídas por outras mais verdadeiras?
"Se não mentes e entregas o combinado a tempo, além de oferecer qualidade e preço, será difícil que fracasses numa empresa"; "Não ponhas em causa a tua honorabilidade, os princípios, a tranquilidade e o bom nome por um ganho mal feito"; "Pedir as coisas por favor e agradecer não é só cortesia, também melhora a tua economia".
Retirado do Livro "A contas com a Ética empresarial", pág. 57,58, José Manuel Moreira, Principia, Cascais (1999)
Será que os negócios podem ser éticos? Será que existe uma grande diferença entre a teoria (o que se deve fazer) e a prática (o que se faz na realidade)?. Será que todas as empresas são ética e socialmente responsáveis ?

O valor do exemplo

Publicada por José Manuel Dias



Não há modo de mandar, ou ensinar mais forte, e suave, do que o exemplo: persuade sem retórica, impele sem violência, reduz sem porfia, convence sem debate, todas as dúvidas desata, e corta caladamente todas as desculpas. Pelo contrário, fazer uma coisa, e mandar, ou aconselhar outra, é querer endireitar a sombra da vara torcida.
Manuel Bernardes, (1644-1710) in 'Luz e Calor'

Aplausos

Publicada por José Manuel Dias


Foram hoje formalmente assinados os protocolos que marcam a colaboração entre o Estado Português e o MIT, com um programa definido para os próximos cinco anos em quatro áreas consideradas estratégicas. Durante a cerimónia que decorreu hoje ao final da manhã no Centro Cultural de Belém, o primeiro ministro José Sócrates salientou que este é um momento de viragem para Portugal, as Universidades e a comunidade científica, marcado pela vontade de internacionalização e a aposta na ligação entre Universidades e Empresas.
O primeiro ministro sublinhou a ligação que existe entre o Plano Tecnológico e a vontade deste Governo investir no Conhecimento e na Ciência e lembrou que o Governo aumentou em 64 por cento o orçamento disponível em 2007 para a área da Ciência, apesar de estar a reduzir a despesa do Estado. José Sócrates adiantou ainda que no próximo Quadro de referência Nacional, para o período de 2007 a 2013, Portugal vai aumentar para 37 por cento a alocação de recursos financeiros provenientes da EU para a área da formação, numa subida significativa em relação aos 24 por cento alocados anteriormente. “Este é um ponto de viragem mas englobado num ambiente geral para melhorar o factor de atraso no domínio da educação conhecimento potencial cientifico”, contextualizou o primeiro ministro, salientando que a boa concretização do acordo hoje assinado já não está nas mãos dos políticos mas sim nas Universidades e na comunidade científica.

Palavras que impõem respeito

Publicada por José Manuel Dias

Várias leis foram elaboradas com o fim de combater a corrupção, várias experiências foram tentadas, várias iniciativas foram tomadas, mas a corrupção está aí, tão viva como sempre, minando a economia, corroendo os alicerces do Estado democrático.
Se é verdade que a ordem jurídica não se pode confundir com a ordem ética, a verdade é que em cada povo e em cada época tem de existir aquele mínimo de valores éticos a respeitar e subjacentes à feitura e aceitação das leis.
É, aqui, penso, que se coloca um dos pontos-chave da luta contra a corrupção em Portugal. É fundamental a criação de um juízo de censura, de um desejo de punibilidade existente na consciência moral do homem médio que por isso deve ser sensibilizado para o problema.
Fernando Pinto Monteiro, novo procurador-geral da República (PGR), discurso da tomada de posse, 9 de Outubro de 2006

O que podemos aprender com os gansos(*)

Publicada por José Manuel Dias


Quando, por exemplo, um ganso bate as asas voando numa formação em V, cria um vácuo para a ave seguinte passar, e o bando inteiro tem um desempenho setenta e um por cento melhor do que se voasse sozinho. Sempre que um ganso sai da formação, sente, subitamente, a resistência do ar, por tentar voar sozinho e, rapidamente, volta para a referida formação, aproveitando o vácuo da ave imediatemente à frente.
Quando um ganso líder se cansa, passa para trás e de pronto outro assume o seu lugar, voando para a posição da ponta.
Na formação, os gansos que estão atrás grasnam para encorajar os da frente a voar mais depressa. Se um deles adoece, dois gansos abandonam a formação e seguem o companheiro doente, para o ajudar e proteger. Ficam com ele até que esteja apto a voar de novo ou venha a morrer. Só depois disso voltam ao procedimento normal, com outra formação ou atrás de outro bando.
A lição dos gansos:
Pessoas que partilham um direcção comum e senso de comunidade podem atingir mais facilmente os objectivos que pretendem.
Para os atingir, é necessário estar junto daqueles que se dirigem para onde queremos ir, dando e aceitando ajuda.
Precisamos de assegurar que o nosso «grasnido» seja encorajador para a nossa equipa e que ajude a melhorar o seu desempenho.
(*) Título do livro, donde foi retirado este excerto, Autor Alexandre Rangel, Casa das Letras, Lisboa (2006).

Instruções para a vida

Publicada por José Manuel Dias


1. Fala devagar, mas pensa depressa.
2. Lembra-te que no preciso momento em que disseres «Desisto» haverá alguém, perante a mesma situação, dirá «Boa! Que grande oportunidade!».
3. Sê rápido a tirar proveito duma vantagem.
4. Quando estiveres a reclamar os teus direitos, não te esqueças das tuas responsabilidades.
5. Participa nas actividades da tua autarquia. Como alguém disse, «A política é demasiado importante para ser deixada a cargo dos políticos.».
6. Avalia o teu sucesso por aquilo que tiveste de prescindir para o obteres.
Seleccionado do " Pequeno Livro de Instruções para a Vida - volume II" de H. Jackson Brow, JR, Editora Gradiva, Lda, Lisboa (1997). De acordo com o autor o livro, que começou por ser um presente para o filho, agrega algumas reflexões e conselhos que representam " tudo o que aprendera sobre o modo de viver uma vida recompensadora e feliz ". Gostei . Justifica-se a partilha.

Combater a corrupção

Publicada por José Manuel Dias

"Os fenómenos de corrupção, peculato e tráfico de influências têm-se reproduzido com indesejável facilidade nas autarquias.
As autarquias são, segundo o seu estatuto legal, « formas de organização descentralizadoras de organização democrática do Estado» e visam «a prossecução dos interesses próprios das populações», aplicando, para tal, receitas provenientes dos impostos recolhidos pelo Poder Central.
O problema é que, por vezes, a concentração de poderes no autarca, aliados a um défice de uma fiscalização eficaz, tem dado origem a uma série de desvios dos objectivos autárquicos, muitas vezes através de modos de exercício corrupto do poder, com apropriação ilícita de valores, participação económica ilegal em negócio, e em estritos actos de corrupção. Aliás, não é por acaso que uma sondagem recente, feita pela empresa Marktest para o jornal Diário de Notícias. com uma amostra de 811 indivíduos, revela que 78,2 % dos inquiridos considera que « a corrupção é um mal generalizado nas autarquias portuguesas»."
Maria José Morgado, José Vegar, "O inimigo sem rosto - Fraude e corrupção em Portugal", pag. 73, Publicações D. Quixote, Lisboa (2003)
" Olhando para a República portuguesa, prestes a comemorar cem anos de existência, não poderemos deixar de notar que o comportamento ético de muito dos nossos concidadãos, incluindo alguns daqueles que são chamados a desempenhar cargos de relevo, nem sempre tem correspondido ao modelo ideal de civismo republicano."
Aníbal Cavaco Silva, discurso de 5 de Outubro de 2006
"Os autarcas foram os especiais visados do primeiro discurso de Cavaco Silva sobre o 5 de Outubro centrado no tema da corrupção. O presidente da República quis chamar a atenção "de uma forma particularmente incisiva" dos responsáveis pelo Poder Local para o papel que têm no combate à corrupção e degradação da qualidade da democracia. A corrupção foi o tema eleito pelo chefe de Estado e a interpelação dirigiu-se a "todos", mas "em primeira linha aos titulares de cargos públicos". Entre estes, Cavaco citou em particular os autarcas, sublinhando que "a transparência da vida pública deve começar precisamente onde o poder do Estado se encontra mais próximo dos cidadãos".
“Mensagem de extrema importância (...) em especial para os tribunais”, diz a magistrada Maria José Morgado. “Incentivo oportuno que não pode ser ignorado”, diz o deputado socialista João Cravinho, autor de propostas de lei anticorrupção. "
Jornal de Notícias de 6 de Outubro de 2006.

Portugal é líder mundial

Publicada por José Manuel Dias


O sector da cortiça ocupa lugar de destaque no panorama industrial português, sobretudo pelo seu valor estratégico, que é derivado, basicamente, do papel privilegiado que Portugal detém em termos de matéria - prima - o sobreiro - e da sua transformação, nomeadamente no seu principal produto que é a rolha.
O sobreiro tem uma longa vida, de 150 a 200 anos, tornando-se produtivo ao fim de 25 anos. Ao processo de extração da cortiça dá-se o nome de descortiçamento. Em média, cada sobreiro dá 16 descortiçamentos, sempre de 9 em 9 anos. Após a extração, inicia-se o processo de fabrico de diversos produtos, sendo o principal, no qual Portugal dispõe de liderança absoluta em termos de quota de mercado mundial, a rolha.
Michael Porter, no seu estudo sobre a economia portuguesa, considerou este sector como um cluster", ou seja, um dos principais pólos de competitividade da economia portuguesa.
O sector dos vinhos consome a nível mundial 13,5 mil milhões de rolhas de cortiça, refere o semanário Sol, de 30 de Setembro p.p.. A cortiça domina o mercado de vedantes para o vinho com uns expressivos 79,4%, correspondendo, no caso português, a exportaçõe de 874 milhões de euros, segundo dados a APCOR, Associação Portuguesa de Cortiça, relativos a 2004.
As rolhas de cortiça estão, no entanto, a perder terreno para outros vedantes (cápsulas de alumínio e de plástico). A Associação Portuguesa de Cortiça sentiu, por isso, a necessidade de promover o uso da rolha e, em parceria com o ICEP, contratou José Mourinho, treinador do Chelsea, para recuperar os mercados do Reino Unido. " If it´s not a real cork, take a walk" é a frase do cartaz que associa o José Mourinho a uma rolha de cortiça natural. Uma campanha com efeitos positivos e que tem ajudado a combater vedantes alternativos à rolha de cortiça. Os portugueses sabem que um bom vinho merece uma boa rolha...Têm, por isso, a reponsabilidade de "avisar toda a gente", a bem da nossa economia.