Trinta e três anos depois...

Publicada por José Manuel Dias


Portugal mudou muito desde o 25 de Abril de 1974. Mudanças que foram ocorrendo ao longo das últimas décadas sem que se tenha, em muitos casos, uma noção da sua amplitude e profundidade. Alguns dias atrás, numa roda de amigos, alguém perguntou: será que hoje se vive melhor do que se vivia antes da Revolução dos Cravos? Uma pergunta que suscitou várias respostas que entrocaram numa ideia simples. Portugal é hoje um país como os outros ( da Europa ) e não se vive melhor, vive-se muito melhor. É certo que as desigualdades são grandes, mas todas as classes sociais viram aumentar os seus níveis de conforto.
Estas conclusões podem suportar-se em dados objectivos que ainda foram recentemente tratados na série da RTP-1 "Portugal um Retrato Social", da responsabilidade do sociólogo António Barreto. Os vídeos da série podem ser vistos aqui. Um retrato da sociedade e dos portugueses na actualidade. Imperdível.
Atrevemo-nos, entretanto, a seleccionar algumas das mudanças registadas e que tão bem são apresentadas na série. António Barreto compara Portugal de hoje com o dos anos 60, e anota:
1) População: saíram 2,5 milhões mas entraram 1,5 milhão. De um país de emigração Portugal passou para um país de imigração.
2) A esperança de vida conheceu um aumento impressionante: nos homens passou de 60 anos para 74, nas mulheres de 65 para 80.
3) A mortalidade infantil caiu de 80 mortos por mil para quatro por mil. É a quarta taxa mais baixa do Mundo!
4) Há 30 anos apenas 15% das mulheres eram activas, hoje são mais de 50%.
5) A população na agricultura passou de 40% para 5%.
6) As pessoas movimentavam-se pouco. Era tudo muito longe. Com a explosão das infraestruturas, Portugal tornou-se um país pequeno em tempo e espaço.
7) Portugal passou a ter um serviço de saúde universalizado.
8) Generalizou-se o acesso à educação e reduziu-se de forma expressiva o analfabetismo.
9) Universalização da segurança social.
10) Ciclo de melhoria das infra estruturas colectivas (esgotos, água, electricidade, estradas, pontes, etc). As condições de vida melhoraram de forma espectacular.
11) Nas últimas três décadas assistiu-se a uma melhoria expressiva dos padrões de consumo, rendimento e bem estar.

Eduardo Prado Coelho

Publicada por José Manuel Dias


Faleceu hoje, na sua residência em Lisboa, Eduardo Prado Coelho. Autor de uma vasta bibliografia universitária e ensaística, onde se destacam um estudo de teoria literária «Os Universos da Crítica», vários livros de ensaios «O Reino Flutuante», «A Palavra sobre a Palavra», «A Letra Litoral», «A Mecânica dos Fluidos» e «A Noite do Mundo». Os dois volumes de um diário «Tudo o Que Não Escrevi» mereceram o Grande Prémio de Literatura Autobiográfica da Associação Portuguesa de Escritores.
Deliciei-me com muitas das suas crónicas, primeiro no extinto semanário "O Jornal" e mais tarde no "Público". Portugal ficou mais pobre, perdeu um importante vulto da sua cultura. Há cerca de um ano Eduardo Prado Coelho deu uma entrevista à revista "VIsão" que vale a pena reler, aqui.

Leituras numa tarde de férias

Publicada por José Manuel Dias

Mil Milhões

Publicada por José Manuel Dias


... é o valor de cobrança coerciva alcançado pela Administração Fiscal desde 1 de Janeiro de 2007. A melhoria verificada na eficiência fiscal é inquestionável. Se todos pagarem o que devem pagar, todos pagaremos menos. Estamos no bom caminho...já ninguém se gaba de fugir ao fisco. Mais receita, menos despesa e o défice vem diminuindo.
A notícia desenvolvida pode ser vista aqui.

22.222

Publicada por José Manuel Dias

Chegámos hoje a este número: 22.222 visitas. Ficam para trás 492 dias, 332 posts e centenas de comentários. 22.222 é um número como outro qualquer mas ganha neste espaço um significado especial. É o número que serve de pretexto para agradecer a todos os que por aqui passam.
Sem a vossa participação este espaço não seria um blogue. Seria apenas um amontoado de letras e imagens. Obrigado a todos.
Leituras antigas:

Quem disse? E quando?

Publicada por José Manuel Dias


"Não podemos continuar a pagar cada vez mais pela nossa administração pública e a receber cada vez menos.
É tempo de mudar radicalmente o modo como a administração pública funciona - passando da burocracia hierarquizada para uma administração pública empreendedora que devolva poderes aos cidadãos e às comunidades para mudar o país de alto a baixo.
Temos de recompensar as pessoas e as ideias que dão resultados e pôr de lado as que não funcionam."

Plano Tecnológico da Educação

Publicada por José Manuel Dias


Resolução do Conselho de Ministros (*) aprovou o Plano Tecnológico da Educação. O Objectivo é colocar Portugal entre os cinco países europeus mais avançados ao nível da modernização tecnológica do ensino. Foram definidos os seguintes objectivos para o período 2007-2010:
Atingir o rácio de 2 alunos por computador com ligação à Internet;
- Garantir em todas as escolas o acesso à Internet em banda larga de alta velocidade de, pelo menos, 48Mbps;
- Cartão electrónico para todos os alunos;
- Massificar a utilização de meios de comunicação electrónicos, disponibilizando endereços de correio electrónico a 100% de alunos e docentes;
- Assegurar que 90% dos docentes vêem as suas competências TIC certificadas;
- Certificar 50% dos alunos em TIC.
Um instrumento estratégico para a modernização das escolas e para a melhoria da qualidade do ensino. Necessário mas não suficiente. O mais difícil depende das pessoas: empenho e determinação, aliado ao gosto pela profissão e à vontade de aprender. Uns saberão tirar partido destas novas oportunidades, outros, como já é habitual, lamentar-se-ão da "falta de condições" ou desvirtuarão os propósitos do Plano. É a vida, como disse o outro. Uma coisa é certa: na sociedade do futuro "só o excelente é suficiente" e os que negligenciarem este facto terão, a prazo, o mesmo destino dos dinossauros.
(*) de 16 de Agosto de 2007

Nuvens no horizonte

Publicada por José Manuel Dias


A crise que se vive desde 9 de Agosto, no mercado de crédito não pode deixar de suscitar preocupação por parte de todos nós, por ser indiciadora de alguma fragilidade do sistema financeiro internacional. Hoje ninguém sabe dizer, com rigor, qual é a amplitude dos riscos em que incorremos, tal é a teia de ligações entre os Bancos dos vários países (1). Uma coisa parece, no entanto, certa: alguns Bancos tomaram riscos que não deviam e, agora, os Bancos Centrais são chamados a intervir porque "os bancos não podem falir".
Tudo indica que esta crise conduzirá ao reforço da análise do risco dos clientes e à incorporção de um "prémio de risco" superior na definição do "pricing" do crédito. É de esperar, assim, que os 'spreads' se alarguem ajustando-se ao perfil de risco do respectivo utilizador, na linha,de resto, do preconizado por Basileia II.
Silva Lopes, antigo Governador do Banco de Portugal , é de opinião que "Esta é a maior crise financeira dos último anos". A entrevista concedida hoje ao Diário Económico pode ser lida aqui.
(1) Os efeitos do aumento do crédito malparado no segmento de 'subprime' - clientes de alto risco - nos Estados Unidos está aparentemente a desestabilizar mais o mercado do crédito na área do euro. A lista de instituições que vêm a terreiro afirmar que estão expostas ao crédito hipotecário norte-americano de alto risco não pára de crescer.

Miguel Torga

Publicada por José Manuel Dias


Assinala-se hoje o centenário do nascimento de Miguel Torga, nome literário do médico Adolfo Correia Rocha. Poeta, ensaísta, dramaturgo, romancista e contista, foi proposto por duas vezes para Nobel da Literatura (1960 e 1978).

Segredo

Sei um ninho
e o ninho tem um ovo;
e o ovo, redondinho,
tem lá dentro um passarinho novo.
Mas escusas de me tentar:
nem o tiro nem o ensino;
quero ser um bom menino,
e guardar este segredo comigo,
e ter depois um amigo
que faça o pino a voar.

Férias - tempo de praia

Publicada por José Manuel Dias





Concentração

Publicada por José Manuel Dias


Um homem, conhecido pela sua capacidade em subir às árvores, ajudava alguém a subir a uma árvore muito alta. Mandou o indivíduo cortar os ramos da copa e, nesse momento aparentemente tão perigoso, não disse nada. Foi só quando o sujeito começou a descer e chegou à altura dos beirais que o especialista gritou: «Cuidado! Veja onde põe os pés ao descer!». Eu perguntei-lhe: «Porque disse aquilo? Naquela altura podia saltar se quisesse». « É essa a questão» disse o especialista. « Quando ele estava lá em cima, a uma altura estonteante, e os ramos ameaçavam quebrar-se, o seu medo era tão grande que não disse nada. Os erros são cometidos quando as pessoas chegam aos lugares fáceis .»
Era um homem simples mas as suas palavras estavam de acordo com o ensinamento dos homens sábios.
Retirado de Ensaio sobre o ócio, Kenko, Japão, século XIV

The Simpsons

Publicada por José Manuel Dias

Os Simpsons é uma série de desenhos animados que retrata o quotidiano de uma família americana. Criada por Matt Groenning para a Fox, foi exibida pela primeira vez em 1989. Através dos protagonistas Homer, Marge, Bart, Lisa e Maggie, o programa faz críticas ao comportamento humano, à sociedade e ao modo de vida americano.
Esta série foi adaptada para o cinema e é já um dos maiores sucessos de bilheteira do ano. No Simpsons - o filme, Homer necessita salvar o mundo de uma catástrofe que ele próprio criou. Um filme de família, numa versão dobrada em português, que lança sérias interrogações sobre o comportamento humano e que, ao mesmo tempo,nos propicia umas boas gargalhadas.
Existe um debate em curso sobre a natureza da ideologia dos protagonistas e do seu autor. Será, como alguns dizem, uma família da direita? Uma família liberal como outros argumentam? Ou uma família de esquerda como outros alegam?
Pela minha parte, não estou suficientemente habilitado para responder mas sempre posso registar a informação da National Review (*) : «Os Simpsons personificam alguns dos melhores princípios conservadores, como o primado da família ou o cepticismo em relação à autoridade política. E em Springfield, os cidadãos vão à missa todos os domingos.» Homer Simpson não tardou em responder: «Não sou má pessoa. Trabalho no duro, amo os meus filhos… porque é que devo gastar metade do meu domingo a ouvir sermões sobre o modo como vou acabar no Inferno?»
Do filme, visto no sábado passado na companhia dos meus filhos, evidencio a denúncia da predação ecológica, a estupidez republicana, personificada por Schwarzenegger no papel de Presidente, e o traço comum a toda a série: um sentido de humor apurado. As gargalhadas não têm ideologia...
Citado pelo Expresso de 28 de Julho

Cuidados de Verão

Publicada por José Manuel Dias


Todos os dias a minha estação de rádio favorita alerta para o envelhecimento prematuro da pele, queimaduras solares e, principalmente, o cancro da pele: "deve evitar a exposição solar entre as 11,00 horas e as 16,00 horas".
Fico, por isso, surpreendido com o elevado número de pessoas que chega à praia por volta das 11,00 horas. Será que o calor em excessso as torna irresponsáveis? Será a euforia das férias? Ou será uma qualquer outra razão que não descortino? Alguém terá outra explicação que queira partilhar connosco?
É consabida a importância de se beber 1,5 a 2 litros de água por dia, para compensar a desidratação, mas o que vemos? A larga maioria das pessoas a tomar bebidas alcoólicas ou refrigerentes. Devemos dar preferência a alimentos naturais, frescos e de fácil digestão como sejam as frutas, verduras, legumes, cereais, peixe, carnes magras, leite meio gordo, iogurtes e sumos naturais mas muitos tentam-se por carnes gordas, enchidos, salsicharias, queijos frescos, bivalves, mariscos, esquecendo-se que a proliferação bacteriana é mais intensa com o calor.
Cabe aqui recordar que "saúde é um estado de bem estar físico, psíquico e social e não só o estado de ausência de doença" e que a saúde está directamente ligada ao nosso estilo de vida.
Tenham umas boas férias!

Paulo Macedo (*)

Publicada por José Manuel Dias


No final da sua comissão de serviço, Paulo Macedo afirma que a sua principal preocupação desde 2004, altura em que assumiu a responsabilidade de Director Geral de Contribuições e Impostos, foi nomear as pessoas certas.
Da entrevista publicada este sábado no Expresso, cuja leitura deve suscitar, a nosso ver, uma reflexão aprofundada, seleccionamos:
"P - A lei que limita os salários na administração pública não vai impedir a contratação de mais "Paulos Macedos"?
R - O ministro das Finanças disse que era uma queatão que devia ser analisada no futuro.
P - Mas concorda com esta lei?
R - Não. Mas estou mais preocupado com a enorme quantidade de qualidade que a administração pública tem e que frequentemente não reconhece como devia. Há uma total inversão ao nível das remunerações da administração pública: os piores ganham o que nunca ganhariam no privado e os melhores ganham muitíssimo menos do que deveriam."
(*) Licenciado em gestão, 44 anos, quadro do Millennium Bcp, 3 anos de mandato como responsável da DGCI, trabalhou com 4 Ministros das Finanças

Leituras numa tarde de Verão

Publicada por José Manuel Dias

Palavras que impõem respeito

Publicada por José Manuel Dias


Teodora Cardoso, prestigiada economista, defende, em artigo de opinião no Jornal de Negócios desta data, que estamos a assistir em Portugal a uma " mudança estrutural" . Um texto a merecer devida reflexão e do qual seleccionamos, para aguçar o apetite pela leitura, os seguintes excertos:
" A economia portuguesa está a mudar na direcção certa, com base no seu próprio esforço de adaptação e não só no acesso a fundos externos e a endividamento, como sucedeu na década de 90. O crescimento e a diversificação das exportações, o abrandamento das importações, ...
(.../...)
Não admira, nestas condições, que a opinião pública esteja mais consciente dos aspectos negativos da evolução – exemplificados pela persistência do desemprego, pela quase estagnação do consumo, ou pela correcção das expectativas quanto à evolução da idade da reforma e do valor das pensões – do que do seu lado positivo. As reformas necessárias em áreas chave das políticas públicas, como a educação (desde o ensino básico às universidades), a formação profissional, a saúde ou a segurança social tendem a acentuar essa percepção negativa, não porque reduzam a qualidade dos serviços prestados, mas porque – exactamente para a melhorar – são obrigadas a inverter o facilitismo que caracterizou o período de abundância financeira.
(.../...)
É certo que Portugal está a tornar-se num país mais liberal. Resta reconhecer que essa é uma evolução positiva, mas que tem que impôr-se a interesses enraizados e a preconceitos ainda mais enraizados, de esquerda e de direita. "
A entrega de um exemplar deste artigo, versão integral pode ser vista aqui, a todos os sindicalistas, empresários, jornalistas, políticos e fazedores de opinião, constituiria, a nosso ver, um excelente acto de serviço público. Portugal ficaria a ganhar.