Assinala-se hoje o centenário do nascimento de Miguel Torga, nome literário do médico Adolfo Correia Rocha. Poeta, ensaísta, dramaturgo, romancista e contista, foi proposto por duas vezes para Nobel da Literatura (1960 e 1978).
Segredo
Sei um ninho
e o ninho tem um ovo;
e o ovo, redondinho,
tem lá dentro um passarinho novo.
Mas escusas de me tentar:
nem o tiro nem o ensino;
quero ser um bom menino,
e guardar este segredo comigo,
e ter depois um amigo
que faça o pino a voar.
Zé Manel, ainda há tres dias deixei o Geres Transmontano e ja hoje o recordo...aqui! :)
Tudo bem contigo? Espero que sim!
Beijo
Vanda
Torga inteiro do "antes quebrar que torcer"; como gosto dele!
Viva a eternidade, há homens que a conquistam...
Bjs. Boa semana.
Olá, José Manuel!
Passei para me solidarizar nesta homenagem a Torag e para te desejar umas boas férias e que sejam na linda linda Praia da Barra.
"Também eu quero abrir-te e semear
Um grão de poesia no teu seio!
Anda tudo a lavrar,
A abrir leques de sonho e de centeio,
E são horas de eu pôr a germinar
A semente dos versos que granjeio.
Na seara madura de amanhã
Sem fronteiras nem dono,
Há de existir a praga da milhã,
A volúpia do sono
Da papoila vermelha e temporã,
E o alegre abandono
De uma cigarra vã.
Mas das asas que agite,
O poema que cante
Será graça e limite
Do pendão que levante
A fé que a tua força ressuscite!
Casou-nos Deus, o mito!
E cada imagem que me vem
É um gomo teu, ou um grito
Que eu apenas repito
Na melodia que o poema tem.
Terra, minha aliada
Na criação!
Seja funda a vessada,
Seja à tona do chão,
Nada fecundas, nada,
Que eu não fermente também de inspiração!
E por isso te rasgo de magia
E te lanço nos braços a colheita
Que hás-de parir depois...
Poesia desfeita,
Fruto futuro de nós dois.
Terra, minha mulher!
Um amor é o aceno,
Outro a quentura que se quer
Dentro dum corpo nu, moreno!
A charrua das leivas não concebe
Uma bolota que não dê carvalhos;
A minha, planta orvalhos...
Água que a manhã bebe
No pudor dos atalhos.
Terra, minha canção!
Ode de pólo a pólo erguida
Pela beleza que não sabe a pão
Mas ao gosto da vida!"
(Ode à Terra, Miguel Torga, in "Odes", 1946)
Um Homem que nos deixou o seu "retrato" nas suas palavras...
Um abraço ;))
http://portuguesapoesia.blogspot.com/
..de nenhum fruto queiras só a metade... minha frase preferida desse grande poeta.Boas férias!
Vim agradecer-te o comentário no meu blog, mas agora quero dizer a mesma coisa: Existem coisas intemporais! Sim, é verdade, o tempo passa e muitas coisas não lhe resistem, mas neste caso a arte mantem-se sempre na mesma! O papel gasta-se e as músicas saem dos ouvidos, mas a intenção continua lá, sempre! Felizmente...
Beijos
Boa semana
Admito que só li "Os Bichos" e... destestei... :(
Tenho de tentar outra vez. Afinal, sou de Coimbra, onde se RESPIRA Miguel Torga!
Olá gostei bem do que li.voltarei
bjs naty
Miguel Torga, um Senhor digno de se ler.