Os destruidores

Publicada por José Manuel Dias


No decorrer da história, sempre houve construtores e destruidores. Os primeiros cultivaram a terra, edificaram cidades, desenvolveram as ciências. Os outros, em geral pastores incultos mas óptimos guerreiros, saquearam e destruíram o que os primeiros tinham construído. Os grandes construtores foram os egípcios, os gregos e os romanos e deixaram-nos um imenso património constituído por edifícios, cidades, templos, estradas e também ciências como a filosofia, a literatura e o teatro. Pelo contrário, os destruidores como os godos, os vândalos, os hunos só nos deixaram ruínas e a recordação do terror que semeavam à sua passagem.Na política – e por vezes também nas empresas – repete-se um pouco aquilo que acontece nas guerras de conquista. Há políticos que procuram o poder para pôr em prática um programa próprio. Nessa altura, destroem aquilo que consideram estar errado para dar lugar ao novo. Posicionam dirigentes e colaboradores fiéis mas se encontrarem pessoas de valor também as convidam para trabalharem no seu projecto. Mas também há políticos que apenas desejam o cargo em si, que não têm nenhum sonho nem nenhum projecto para realizar. Quando chegam ao poder, a sua primeira preocupação é destruir o que o antecessor construiu, mesmo que excelente, para poderem brilhar.Não podemos esquecer que tudo aquilo que fazemos, quer se trate da nossa casa, de um livro, de uma canção, ou de uma escola, é uma materialização de nós mesmos. É algo a que damos o que temos de melhor, o que queremos oferecer aos outros, o que desejamos que nos sobreviva. Quem destrói e trava os outros fá-lo por não ter nada para dar e apenas sentir inveja. Pelo contrário, quem cria, realiza e edifica, mesmo quando é ambicioso, mesmo quando é autoritário, tem uma alma generosa, e realiza-se através de coisas que são úteis para os outros.
Francisco Alberoni no Diário Económico, aqui.

1 comentários:

  1. Lúcia disse...

    Ora aí esta um texto lúcido.
    Estivesse em cargos de decisão quem assim perspectiva as coisas. E haveria um espírito de missão que barraria o que fosse dstrutivo.
    Abraço