Vivemos acima das nossas possibilidades

Publicada por José Manuel Dias


A economia portuguesa deverá crescer 1,6% em 2008, com as famílias a reduzirem o consumo de bens. Desemprego, endividamento e taxas de juro impedem a recuperação e comércio externo deverá ser afectado por mau desempenho dos parceiros comerciais.
Portugal vai empobrecer ainda mais, prevê a OCDE. Já este ano, em resultado da crise, as poupanças das famílias baixam, pelo quarto ano consecutivo, enquanto a escalada da inflação para 3% "come" grande parte dos rendimentos. O desemprego afectará quase 8% dos portugueses, o que ajuda a explicar uma travagem nas despesas com as compras.O país continuará nos próximos anos a viver acima das suas possibilidades, sendo a segunda nação entre as 33 filiadas na OCDE, a seguir à Grécia, com o maior défice externo. Ou seja, Portugal consome mais do que produz.
Este ano, o consumo cresce apenas 1,4%, com as famílias endividadas -a dívida aos bancos ultrapassa em quase 30% o rendimento anual dos portugueses, segunda dados do Banco de Portugal - a sofrer efeitos da alta das taxas de juro.Acresce que os banqueiros - com dificuldades em captar dinheiro fora do país - estão a restringir a concessão de empréstimos às famílias. Aliás, diz a OCDE, a crise de liquidez e o aperto nas condições de concessão de créditos podem "moderar" os gastos com o investimento.O contributo do comércio externo para o crescimento da economia será negativo, já que as importações deverão crescer acima das exportações. A razão é simples: o comércio português deverá sofrer com a forte travagem da economia espanhola.
Apesar do fraco desempenho da economia, o défice orçamental deverá manter uma trajectória de redução. Mas, diz a OCDE, o corte de um ponto no IVA vai abrandar o ritmo de consolidação orçamental nos próximos dois anos.
Rudolfo Rebêlo, no Diário de Notícias, desta data, aqui.

3 comentários:

  1. Jay Dee disse...

    No que depende de ti não é por falta de aviso, já que bem insistes nesta problemática.

    *

  2. Anónimo disse...

    Isso em linguagem mais popular é igual a um "estamos tramados"!
    E é de há muito.
    Pena é que não se vislumbre quem pudesse pegar nisto ... isto sem considerar que ainda não lobriguei como seria conciliar o endireitar da economia com a necessidade de cuidar dos portugueses que, não sendo finlandeses nem noruegueses, não dispõem de rendimentos tão extraordinários quanto isso e foram criados num ciclo onde muitas das respostas estavam no Estado.

  3. Maria P. disse...

    "Vivemos acima das nossas possibilidades"

    Creio que é facto que a maioria reconhece, as pessoas não tem dinheiro, então como se justificam multidões em certos espectáculos (futebol, concertos, etc...) será falta de bom-senso?!...