Intervenções e privilégios

Publicada por José Manuel Dias


O consumidor ou é um empresário ou um proprietário dos meios de produção ou um trabalhador. Ou, como membro de uma família, é sustentado por alguns deles. Por outro lado, todo produtor é, necessariamente, um consumidor. É uma ingenuidade imaginar que uma medida ou política possa beneficiar um sem prejudicar o outro. Na realidade, o que se pode afirmar com certeza é que quase toda medida restritiva traz vantagens para um limitado grupo de pessoas, enquanto que afecta negativamente todas as outras ou, pelo menos, a grande maioria. A intervenção, portanto, pode ser considerada como um privilégio concedido a alguns em detrimento dos demais. Privilégios beneficiam os agraciados e prejudicam os outros membros do sistema. O propósito de um privilégio é beneficiar um limitado numero de pessoas à custa dos que são prejudicados. Se, por hipótese, todos fossem igualmente beneficiados, o sistema de privilégios seria um contra-senso. Na medida em que a protecção tarifária beneficia apenas alguns produtores ou diversos produtores com intensidade diferente, haverá sempre um grupo de privilegiados. Se, entretanto, todos os produtores forem igualmente protegidos, esse tipo de política torna-se auto-destrutiva. Todos perdem, ninguém ganha.

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