Exportar para crescer

Publicada por José Manuel Dias


A crise que desabou sobre o mundo em meados de 2007, vinda dos EUA, está para ficar e com "uma aterragem muito violenta e prolongada", com "consequências muito negativas para Portugal". Mas "o pessimismo é o pior dos pontos de partida", defendeu ontem, em Castelo Branco, Daniel Bessa, perante uma plateia de empresários e gestores. O economista lembrou que "não se pode gerir uma empresa com pessimismo" e que "só há uma maneira de crescer: é exportar".
Num país tão pequeno e aberto, temos que investir para exportar, exportar para criar emprego e assim permitir que as condições de vida melhorem. Foi isso que não fizemos durante anos", sustentou o antigo ministro da Economia de António Guterres, no âmbito dos "Encontros Millennium". "Portugal poupa pouco, o Estado gasta muito, as famílias têm um nível de vida muito elevado, as empresas têm dificuldades em reter o cash-flow e os lucros", revelou Daniel Bessa, resumindo que "Portugal vive acima das suas posses", tendo baseado durante anos o seu crescimento no consumo interno, uma "factura que estava ainda por pagar".
Artigo assinado por Leonor Veloso no Diário de Notícias, de ontem, ver aqui.
Não há volta a dar, para que o crescimento seja consistente tem que assentar nas exportações, como nos explica Daniel Bessa. Mas como podem as empresas portuguesas competir com as empresas chinesas, indianas, eslovacas ou romenas? Só melhorando a nossa produtividade, i. é, diminuindo os custos de produção e/ou aumentando o preço dos produtos e serviços. Quantos aos custos de produção, existem dificuldades evidentes, resultantes do preço do factor trabalho, da energia, já quanto ao preço final, em teoria, não existe limite. Debatemo-nos, no entanto, com um problema: a concorrência. Assim, só podemos aumentar o preço se o cliente reconhecer valor à nossa proposta. Só diferenciando, apostando na novidade, na qualidade, na marca, conseguiremos ser competitivos à escala mundial. Um desafio para as nossas empresas.

1 comentários:

  1. ZÉ FAGOTE disse...

    Gosto do Daniel Bessa.
    Há dois economistas por quem tenho muita admiração.
    Um, é Daniel Bessa, o outro, é Miguel Cadilhe, pese embora o contraste entre uma personalidade e outra.
    O Cadilhe tem aquele ar aparentemente arrogante ou professoral, mas é um óptimo técnico, e bom em relações humanas, embora não pareça.
    Foi um óptimo gestor quando esteve à frente de um banco, que não vale a pena citar.
    A Instituição “cresceu” extraordinariamente, e as relações com os representantes dos trabalhadores eram excepcionais.
    Bem, quanto ao crescimento da nossa economia já todos sabemos, é uma pena o Estado ser impotente e incapaz ao não apostar a sério num verdadeiro Ensino, seja a nível médio ou superior.
    Continuamos a pôr cá fora muitos licenciados, mas sem a força de conhecimentos para darem a volta aos sectores principalmente secundário e até primário, e sem isso, andamos sempre a reboque dos outros sem conseguirmos criar a verdadeira riqueza que mais que nunca está na tecnologia e inovação.
    Cumprimentos e um bom fim de semana que o tempo promete, dois dias de optimismo.