O vizinho do lado

Publicada por José Manuel Dias


Há uma piada recorrente na área da economia. Quando o seu vizinho perde o emprego, temos um abrandamento económico. Se quem perde o emprego é você, estamos perante uma recessão. Mas, a partir do momento em que o visado é um economista, o problema agudiza-se e transforma-se em depressão. Lembrei-me desta piada quando olhava para as perspectivas que hoje enfrenta o desemprego espanhol. Se o leitor passar por Espanha, evite diálogos com economistas: pode ficar deprimido.
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Perguntará aqui o leitor: muito bem, o vizinho do lado está em apuros – que temos nós a ver com isso? Não temos, mas temos. Eu explico: as exportações são um dos principais motores do nosso desenvolvimento económico; na sua grande maioria, os produtos são canalizadas para a Europa; e a Espanha é o maior dos nossos compradores, com mais de 30% do total. Sucede que, devido à crise, a opção espanhola é agora por cortes brutais nas importações. Estão a ver como é que a crise deles é a nossa crise? Com isto regresso à piada com que iniciei esta crónica. É verdade que, para já, só o nosso “vizinho” é afectado, o que não parece grave. Mas o mais provável é que surja um efeito “ricochete” que nos atinja a “nós”. Com a agravante de que todos temos uma costela de “economista”. O melhor é irmos interiorizando a ideia de que a tormenta é ibérica e já vem aí. Próxima etapa: estagnação económica, desemprego elevado, salários baixos e decrescentes.
Daniel Amaral, em artigo de opinião no Diário Económico, para ler na íntegra aqui.

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