Lá vai o tempo em que ia a quase todas as conferências. Para verem que tinha sido uma das personalidades convidadas. Para cumprimentar o membro do governo que fazia o discurso de abertura ou de fecho. Se fosse o primeiro-ministro ou ministro da tutela, ficava o mais à frente possível para ele constatar o entusiasmo dos meus aplausos depois da sua intervenção.
Passaram muitos anos. Tornei-me selectivo. São sempre os mesmos. Normalmente, os que subsidiaram o evento. A dizerem o mesmo. É fácil fazer o resumo das suas intervenções antes de abrirem a boca. Às apresentações, falta adrenalina. Não vá o poder ou o patrão ficar incomodado. Não se convidam oradores que possam produzir afirmações impróprias para ouvidos mais sensíveis.
[.../...]
No encontro dos economistas nacionais, já no final, Teodora Cardoso referiu a importância do comportamento da mente humana. Foi ela, no seu deslumbramento, que criou as condições que geraram a actual crise. É ela que está a agravar, pelo pânico, a borrada feita pelos banqueiros. Nos anos de prosperidade, agita a nobre luta ambientalista pela redução do número de automóveis. Mas é a mesma mente que, numa não menos nobre peleja pela manutenção de postos de trabalho, se bate pela não redução dos mesmos instrumentos poluidores. O que mudou não foi a análise económica. Esta esbarra sempre nos misteriosos comportamentos da mente dos agentes económicos. É a análise comportamental que pode ajudar a perceber alguns despistes da economia. Por isso, chegou a hora dos psicólogos. Já agora, acompanhados por psiquiatras, para ajudarem algumas bocas desorientadas que se ouviram nas últimas semanas. Que Deus tenha compaixão delas.
António de Almeida, em artigo de opinião no Expresso, aqui.
Passaram muitos anos. Tornei-me selectivo. São sempre os mesmos. Normalmente, os que subsidiaram o evento. A dizerem o mesmo. É fácil fazer o resumo das suas intervenções antes de abrirem a boca. Às apresentações, falta adrenalina. Não vá o poder ou o patrão ficar incomodado. Não se convidam oradores que possam produzir afirmações impróprias para ouvidos mais sensíveis.
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No encontro dos economistas nacionais, já no final, Teodora Cardoso referiu a importância do comportamento da mente humana. Foi ela, no seu deslumbramento, que criou as condições que geraram a actual crise. É ela que está a agravar, pelo pânico, a borrada feita pelos banqueiros. Nos anos de prosperidade, agita a nobre luta ambientalista pela redução do número de automóveis. Mas é a mesma mente que, numa não menos nobre peleja pela manutenção de postos de trabalho, se bate pela não redução dos mesmos instrumentos poluidores. O que mudou não foi a análise económica. Esta esbarra sempre nos misteriosos comportamentos da mente dos agentes económicos. É a análise comportamental que pode ajudar a perceber alguns despistes da economia. Por isso, chegou a hora dos psicólogos. Já agora, acompanhados por psiquiatras, para ajudarem algumas bocas desorientadas que se ouviram nas últimas semanas. Que Deus tenha compaixão delas.
António de Almeida, em artigo de opinião no Expresso, aqui.
:)
Um artigo que confirma o que já há muito penso...