BMW´s (*)

Publicada por José Manuel Dias


Admitamos que os portugueses decidem comprar BMW's à Alemanha, mas nada produzem e, portanto, não têm nada em troca para vender para lá. Portugal vai ter um défice na BTC. Para comprarem os BMW's os portugueses vão ter de se endividar e, para o efeito, vão junto dos seus bancos para obterem crédito. Porém, os bancos portugueses concedem crédito com os depósitos que recebem. Ora, se os portugueses, por hipótese, não produzem nada, não têm dinheiro, e por isso também não têm depósitos. A única maneira de os bancos portugueses lhes concederem crédito para a compra dos BMW's é os próprios bancos contrairem crédito junto de bancos estrangeiros ou outras instituições estrangeiras. O défice da BTC conduz directamente ao endividamento externo dos bancos portugueses. Este é o ponto que deixei em aberto no meu post anterior.Nas condições propositadamente exageradas deste Portugal imaginário, as pessoas vivem acima das suas possibilidades - não produzem nada e andam de BMW. Estes portugueses estão endividados perante os bancos do seu país, e os bancos do seu país estão endividados perante os bancos estrangeiros. Admitamos agora uma crise financeira séria que seca os mercados internacionais de crédito. Os bancos estrangeiros deixam de emprestar aos bancos portugueses e estes deixam de emprestar aos seus clientes para adquirirem BMW's. Os portugueses são obrigados a reduzir drasticamente o seu nível de vida - não podem comprar mais BMW's - e o que os leva a isso é o corte drástico na concessão de crédito por parte dos bancos.O corte drástico na concessão de crédito por parte dos bancos. É daqui que virá o aperto que obrigará os portugueses a viverem de novo de acordo com as suas possibilidades. Esse corte drástico no crédito já está aí. Vai durar e vai ser duro.
Pedro Arroja, no Portugal Contemporâneo, aqui.
(*) ou como se pode viver acima das possibilidades durante algum tempo mas nunca durante o tempo todo.

1 comentários:

  1. Arábica disse...

    Certissimo.


    Está na altura de apertar o cinto, como há uns anos atrás se dizia e fazia.

    Não há como escapar.


    Beijo