O problema não é só "deles"

Publicada por José Manuel Dias


De acordo com uma nota interna da TAP, citada pela Lusa, os trabalhadores são convidados a intervir, a partir da próxima semana, dadas "as dificuldades criadas pela crise dos combustíveis, que obrigam a recorrer a todas as formas de controlar os custos".
As propostas dos trabalhadores, remetidas para o e-mail poupar@tap.pt, serão posteriormente avaliadas pelo comité de gestão e acompanhamento, responsável por desenhar as grandes medidas de contenção da TAP, de que são exemplo a suspensão de 60 voos a partir de Outubro e a rescisão do Acordo de Empresa, ainda em negociação.
A TAP registou prejuízos de 136 milhões de euros, o pior resultado dos últimos anos, no primeiro semestre deste ano face a igual período de 2007, reflectindo o “aumento brutal” do preço dos combustíveis. A transportadora gastou 312 milhões de euros em combustíveis, mais 133 milhões que nos primeiros seis meses do ano passado, o que representa um agravamento de 75 por cento.
Fonte: Jornal Público aqui.
Há ainda muito boa gente que pensa que os problemas que as empresas enfrentam dizem apenas respeito aos sócios (ou accionistas) e aos gestores. Nada mais errado. Um mau desempenho de uma empresa penaliza não apenas os detentores do capital e os gestores mas também os trabalhadores pois se a empresa tiver piores resultados verão reduzida a sua segurança de emprego, podendo, inclusive, perder o posto de trabalho em caso de encerramento da empresa. Existem também outros interessados (ou Stakeholders) numa boa performance da empresa: clientes, fornecedores, sociedade em geral e, ainda, o Estado, por via dos impostos, que pode arrecadar. Neste enquadramento anda bem a Administração da TAP em envolver os trabalhadores inquirindo-os sobre medidas para recuperação da empresa. O discurso de alguns sindicalistas pode levar a pensar que o problema é só "deles" (da Administração). Não é. É de todos, designadamente dos trabalhadores da TAP e, até, nosso, que somos "accionistas do Estado" por via dos impostos que pagamos.

0 comentários: