Exclusividade ou apenas dedicação

Publicada por José Manuel Dias


Manuel J. Antunes, Professor Catedrático, director de serviço nos HUC, aplaude, em artigo de opinião publicado no Diário de Notícias, a intenção do Ministério da Saúde de implementar a dedicação exclusiva dos médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) uma vez que está convicto de que nela reside "um importante factor de melhoria de produtividade, de que o nosso SNS muito necessita".
Apresenta em reforço da sua opinião os seguintes argumentos:
1) o regime típico de part-time da maior parte dos médicos do SNS não favorece a sua rentabilidade. Um horário de 35 horas, incluindo 12 para serviço de urgência, deixa aos médicos pouco mais de quatro horas diárias para as tarefas de rotina. Salas de operação a funcionar apenas quatro ou cinco horas por dia são duplamente onerosa;
2) divisão da actividade dos médicos pelos sectores público e privado é susceptível de originar conflitos de interesse, sendo certo que quanto maior e melhor for a produção no público tanto, menor será o número de doentes que ocorrerá ao privado, de onde as suas expectativas de ganho serão diminuídas;
3) acresce que o duplo emprego é gerador de irracionalidades na distribuição do tempo de trabalho e de subutilização das estruturas do sistema. Por isso, os directores de serviço deveriam ser os primeiros a conquistar para um tal regime. Há evidência de que esta opinião é partilhada por um número cada vez maior de médicos, especialmente entre os mais novos, embora seja rejeitada pela Ordem dos Médicos, com o argumento principal de que os médicos devem ser livres de fazer o que entenderem do seu próprio tempo.
Lamenta, no entanto, que o Ministério apenas encare a medida como um "balão de ensaio" para negociações com os parceiros sociais. Sabendo-se da forte contestação da Ordem dos Médicos a esta ideia, compreende-se, melhor o seu estado de espírito. A ideia que defende "há mais de 20 anos" exige dedicação plena de todo o pessoal médico. Melhorar o sistema implicará, por isso, conforme diz, mudanças radicais. Haja coragem para as implementar!

1 comentários:

  1. Lúcia disse...

    O probelma são os honorários...
    Bjos