A lição da Qimonda

Publicada por José Manuel Dias


O ministro-presidente da Saxónia considerou a falência da Qimonda, que ontem esteve em destaque na imprensa alemã, "uma segunda oportunidade" para relançar o fabricante alemão de semicondutores, cuja unidade de produção em Vila do Conde é o maior exportador português."
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A imprensa alemã chamou ontem a falência da Qimonda às primeiras páginas e o assunto é também alvo de comentário nos principais jornais. "Era evidente que a Qimonda não tinha salvação. E só com apoios irresponsáveis do Estado seria possível mantê-la, mas nunca a longo prazo", escreve o jornal Die Welt. O mesmo jornal acrescenta que "a morte da Qimonda já estava decidida há anos, e a separação da casa-mãe, a Infineon, em 2006, foi a confissão do fracasso", sublinhando que Taiwan e a China fabricam um produto tão bom como o da Qimonda, mas mais barato.
Fonte: Diário de Notícias, aqui.
Lançar dinheiro para cima de problemas não os resolve, agrava-os. Injectar fundos públicos em projectos que não revelam competitividade, pode manter empregos por um certo tempo mas, a prazo, os problemas recolocam-se e com mais intensidade. Só uma estratégia de diferenciação, com especialização em produtos mais complexos e sofisticados, permitiria colocar a Quimonda a coberto da concorrência asiática, baseada nos baixos custos. Não foi o que sucedeu. Não somos só nós que ficamos a perder, jornais alemães criticam também a passividade do Governo alemão que "deixa uma empresa de alta tecnologia afundar-se". No outro lado do mundo, outros ficam contentes com o ganho de novos mercados e o abandono de concorrentes. Vão ter mais negócio. Há quem diga que o nosso mal é o bem deles. Efeitos da globalização dirão outros. Que se tire desta experiência os devidos ensinamentos, dirão os mais avisados.

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