Reitores não são Gestores?

Publicada por José Manuel Dias


Mariano Gago parece ter-se fartado das queixas das universidades em relação ao corte de verbas, acusando alguns reitores de serem maus gestores. Como se isso não bastasse, ainda avisou os prevaricadores que poderão ser substituídos. O presidente do conselho de reitores não gostou e veio prontamente lembrar que os reitores não são gestores.
Mariano Gago não é conhecido por decisões difíceis nem por afrontar interesses estabelecidos. Como o "lobby" dos reitores. É por isso que as suas declarações surpreendem. Mas o mínimo que se pode pedir ao ministro é que tome mais atitudes como esta. Porque no caso do financiamento das universidades tem razão. As universidades portuguesas precisam de perceber que o modelo que seguiram nas últimas décadas está obsoleto: não só os recursos públicos são escassos, como o país está a passar por uma profunda transformação sócio-económica que obriga a procurar alternativas. Desde a obtenção de outras fontes de receitas, até à reestruturação dos cursos que ministram (alguns não servem para nada). Desculpabilizar os erros de gestão nas universidades alegando que os reitores não são gestores é a confirmação de que os reitores não percebem o que lhes está a cair em cima. Porque têm mesmo de ser reitores (mesmo que não o sejam por formação). E se não o conseguem ser, que dêem o lugar a outros. O contribuinte é que não tem de continuar a pagar as suas ineficiências.
Camilo Lourenço, no Diário Económico, aqui.
Quando os recursos são escassos importa saber gerir, avaliando o custo-benefício das decisões que se tomam. Reclamar, pedindo mais recursos, já foi "chão que deu uvas". Há que mudar ou, então, dar a vez a outros.

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