O acordo do entendimento (*)

Publicada por José Manuel Dias


Desde há muito tempo que se tinha tornado inevitável um acordo político acerca desta matéria que havia de ser concretizado através de uma negociação e materializado num protocolo técnico.É o ABC da política. O resultado final está longe de ser uma derrota para o governo ou uma vitória para os sindicatos, ou vice-versa. É simplesmente mais uma fase de um processo em que as partes, negociando ao mais alto nível, chegaram a um acordo.
Vale a pena comparar a totalidade do texto com um outro, também disponível no mesmo site, Proposta do Ministério da Educação apresentada à Plataforma Sindical dos Professores, datado de ontem, e que foi o documento que serviu de base à tal maratona negocial.
Convém que nos apercebamos de que a manipulação das notícias é selvática e vergonhosa. A única diferença entre um documento e outro, para além da modificação das posições de alguns pontos e da ligeira diferença de palavreado, é a alínea e) do ponto1, em que se diz que a classificação dos professores avaliados na época de 2007/208 será baseada apenas nos pontos obrigatórios mínimos, especificados na alínea b), que têm uma redacção diferente do documento do ministério, mas que querem dizer praticamente a mesma coisa.
Ainda bem que há internet e que os cidadãos podem ajuizar por si e pensar por eles próprios.
Entretanto, Fenprof admite não assinar o entendimento com o governo, se não for essa a vontade da maioria. Quer dizer: parece que os problemas da "democracia representativa" não tocam só o poder político propriamente dito. Também tocam os "representantes dos trabalhadores" que se guiam por uma agenda político-partidária, e por umas contas de merceeiro acerca de ganhos e perdas, em vez de pensarem no futuro dos seus representados.
O Marcelo Caetano, lembram-se?, também pensava que, desse no que desse, o regime havia de aguentar. Mas não aguentou. Alguns, hoje em dia, parecem pensar que este regime também há-de aguentar todas as malfeitorias. Mas isso não é certo. Todos os regimes políticos podem morrer. Principalmente se os seus agentes forem deste calibre de responsabilidade.
(*) ... ou será melhor chamar-lhe o entendimento do acordo? Os problemas das escolas dizem respeito a todos nós, não são exclusivos dos professores, como alguns podem pensar.

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