A ilusão de um país de ricos

Publicada por José Manuel Dias


É o recurso aos bancos que permite criar a ilusão de que Portugal é um País rico, quem o diz é Armando Esteves Pereira, no correio da manhã desta data. E explica-nos o porquê do título: "Em cada mês que passa ovolumedocrédito mal parado aumenta. Oficialmente os números ainda não provocam pânico junto das instituições bancárias e representam apenas 1,8 por cento dos créditos concedidos. Mas se em vez de percentagens analisarmos os euros envolvidos, a dimensão é preocupante. 2,39 mil milhões de euros é o montante de empréstimos em incumprimento junto da Banca portuguesa. Mais de metade (1,31 mil milhões de euros) é do crédito à habitação. Não se compara com os números da crise do subprime nos EUA, mas com estes números verifica-se que já há milhares de famílias portuguesas que não conseguem honrar os seus compromissos com a Banca e arriscam-se a ver a sua casa penhorada para pagar as dívidas". Desenvolvendo a sua explicação focaliza-se depois no crédito ao consumo: " A percentagem do crédito mal parado para o consumo e outros fins é substancialmente mais elevada e por isso as taxas de juro também pagam um prémio de risco. Dos 13,9 mil milhões de euros para o consumo, 569 milhões estão em incumprimento, enquanto dos 12,9 mil milhões para outros fins, 505 milhões são de cobrança duvidosa. Os números também retratam uma realidade portuguesa que é nova em termos sociológicos. Só na década de 90, especialmente a partir da segunda metade, quando a convergência para o euro baixou as taxas de juro, é que o endividamento português disparou. E mesmo com a anemia macroeconómica, os portugueses continuaram a comprar casa, carro, a ir de férias, a comprar plasmas, tudo a crédito. É o recurso aos bancos que permite criar a ilusão de que Portugal é um País rico. O problema é que os portugueses já consomem ao nível dos ricos, mas os padrões produtivos ainda não acompanham esta ilusão".
Um explicação simples mas verdadeira das nossas actuais dificuldades: continuamos a trabalhar como os marroquinos mas a querer gastar como os alemães. Quem utiliza o crédito sabe que os bancos cumprem o seu papel: emprestam e procuram cobrar, se necessário com recurso à via contenciosa.

1 comentários:

  1. AnaCristina disse...

    E como se soluciona isto?
    A falta de vontade de trabalhar não é defeito individual, é feitio geral e cultural.