A informação é uma baliza, um sinal, um varapau, um ramo de oliveira ou um dissuasor, dependendo de quem a esgrime e da forma como o faz. A informação é tão poderosa que a a assunção da informação, até mesmo se a informação realmente não existe, pode ter um efeito tranquilizador. Consideremos o caso de um carro usado estreado há um dia.
O dia em que o carro é tirado do stand é o pior dia da sua vida, nesse dia ele perde imediatamente cerca de um quarto do seu valor. Pode parecer absurdo, mas sabemos bem que é verdade. Não se consegue vender um carro novo que foi comprado por 20.000 dólares por mais do que talvez 15.000 dólares, mesmo que tenha sido comprado na véspera. Porque é razão que isto acontece? Porque, evidentemente, só quem tenha chegado à conclusão de que ele não presta é que pode querer estar a vender um carro acabado de comprar. Por isso, mesmo que o carro seja bom, qualquer comprador potencial presume que ele há-de ter qualquer problema. Presume que o vendedor tem alguma informação sobre o carro de que ele, o comprador, não dispõe - e o vendedor é penalizado por essa suposta informação.
E se o carro não presta mesmo? O vendedor faria bem em esperar um ano para o vender. Nessa altura, a suspeita de existência de qualquer problema ou de que o carro não é bom ter-se-á esbatido; com esse tempo, haverá sempre pessoas a vender os seus carros com um ano de idade, bons e em perfeito estado, e o carro mau passa despercebido no meio deles, sendo provavelmente possível vendê-lo por mais do que ele realmente vale.
É normal e frequente que, numa transacção, uma das partes interveniente esteja mais bem informada que a outra. Na linguagem dos economistas, esse fenómeno é conhecido como assimetria da informação.
Extraído de "Freakonomics - o estranho mundo da economia - O lado escondido de todas as coisas", Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner, Editorial Presença, Barcarena (2005)
"Freakonomics" - uma verdadeira lição de economia mundana, que todos deviam ler. Aprovado!
Quem detém a informação, detém o poder. Obrigado pelo link.
Cpts
Fantástico o texto sobre a arte da informação. Assim como temos pessoas capacitadas para informar bem e baseado em realidades temos os maus profissionais que sujam a vida das pessoas, de um produto ou o que quer que seja com uma informação dada de forma errônea.
Inté!
De facto o carro em segunda mão é o exemplo clássico da assimetria de informação, mas esta tanto pode ser aplicada aos carros, como aos políticos ou às acções ou dividendos do mercado de capitais.
Contudo, a parte com mais informação so pode tirar partido da situação se souber que a contra-parte tem um defice de informação. E tal nem sempre é facil.
Quanto ao Freakonomics, gostei e achei engraçado, mas aconselho mais o Economista Disfarçado, da mesma colecção, e um pouco melhor fundamentado.
Cumprimentos
...informação e boas estratégias...a chave do sucesso.
Vanda
Curiosamente, no sector imobiliário, o processo é diferente.
Existe uma aproximação mais clara entre o usado e o novo. Sem se questionar defeitos ou questões escondidas.
Cumprimentos
José Manuel, boa noite.
Muito interessante este conceito de assimetria da informação. Eu não o conhecia.
Pelo exemplo, percebi (corrija-me, por favor, se eu estiver errada) que às vezes, o portador da informação sequer percebe o poder que tem.
Vou procurar ler sobre isso.
Obrigada.
Beijos