Os seus empregados lamuriar-se-ão frequentemente acerca da necessidade de formação. Tente ignorá-los. A formação não conduz a nada de bom. A curto prazo, provoca faltas ao trabalho. A longo prazo, faz que os empregados se vão embora para empresas que pagam um salário que permita viver. Quando isso acontece, ninguém ganha.
A sua primeira linha de defesa é a lógica. Tente dissuadir os seus empregados de terem aulas de formação usando este argumento inatacável: « Porque precisa de todas essas aulas de formação técnica? Eu não precisei de qualquer formação para desempenhar estas funções.»
Por vezes, a lógica não chega, se os parvos do departamento financeiro atribuírem dotações para a formação do pessoal. os empregados apresentarão a dotação para formação como justificação para os seus pedidos fúteis.
Solução: Viagem. E muito.
Inscreva-se para viagens a locais exóticos para «assistir a seminários» e «visitar clientes». Isto esgotará todo o seu orçamento ao ponto de ser necessário fazer cortes estratégicos, isto é. eliminar a dotação para formação.
Quando o orçamento da formação desaparecer, os empregados ficarão desapontados,mas, pelo menos, não terão conhecimentos suficientes para arranjarem emprego noutro lado. E isso significa aumento de produtividade.
Mas no preciso momento em que trabalha para eliminar o flagelo da formação, será necessário dizer coisas como « A formação é uma das grandes prioridades».
Retirado de "O Grande livro das empresas escrito por um cão", Scott Adams, Notícias Editorial, Lisboa (1997)
Se reflectirmos sobre o comportamento de alguns patrões (em bom rigor, não podemos classificar como empresários) facilmente concluímos que o texto supra parece adequar-se que nem uma luva. Todos concordarão, no entanto, que a qualificação dos recursos humanos é essencial para aumentar a competitividade e produtividade das empresas. Importa, por isso, que o discurso tenha correspondência com a realidade. Foi criado um programa de incentivos à modernização da Economia - o Prime - que tem como beneficiários as Empresas, os Agentes da Envolvente Empresarial e as Escolas Tecnológicas com a finalidade de promover novos potenciais de desenvolvimento, designdamente por via da melhoria das competências dos recursos humanos. Por outro lado, o Código de Trabalho (Lei 99/2003) passou a contemplar a formação contínua dos trabalhadores, fixando um mínimo de horas de formação profissional.
Temos, pois, instrumentos para, cada vez mais, fazermos mais e fazermos melhor, ganhando, assim, maior competitividade. Ganha o colaborador, ganha a empresa e ganha o país.