Na dúvida, poupa-se

Publicada por José Manuel Dias


Quando a actual crise eclodiu, um dilema saltou para o centro das discussões. O que seria melhor para as economias? Que as famílias não travassem as suas despesas de consumo e continuassem a gastar para sustentar o crescimento? Ou, pelo contrário, os benefícios seriam maiores, caso arrefecessem os ímpetos consumistas e reforçassem os esforços de poupança?A resposta, no que diz respeito à economia portuguesa, está dada nas previsões do Banco de Portugal que ontem foram divulgadas. A forte queda do consumo privado é um dos motivos para a contracção que Portugal vai experimentar durante este ano e o próximo. Ao aumento da incerteza sobre o futuro e à ameaça do desemprego, que continuará a alastrar de forma alarmante, as famílias vão responder com a subida da taxa de poupança, depois de anos consecutivos de deterioração no indicador.Esta reacção, previsível, tem efeitos negativos no imediato. Mas, quando se olha mais para a frente, as vantagens poderão ser superiores aos inconvenientes, caso se reconheça que, com ou sem recessão global, o facto de o país estar a viver há demasiado tempo acima das suas possibilidades era um mau hábito que teria de ser corrigido, a bem ou a mal.
João Cândido Silva, em artigo de opinião, aqui.

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