Lançar búzios

Publicada por José Manuel Dias


Na economia e na gestão, a elaboração de previsões representa o pão nosso de cada dia. Na economia política, sem previsões não é possível desenhar acções, motivar populações, avaliar resultados, designadamente na equidade social. Na gestão, sem as previsões torna-se impossível enquadrar o risco dos negócios.
Mas são previsões, com toda a falibilidade desta forma de arrogância humana de querer conhecer os mistérios do futuro. E de se indignar por o futuro a desfazer. Por essa razão, nas "Notas Soltas" da passada segunda-feira, António Vitorino afirmou que "as previsões falham sempre". Predestinadas ao falhanço, têm de ser adequadamente usadas. O perigo é endeusá-las. Seja pela fé nas novas tecnologias. Pelos papers produzidos pelos investigadores da gestão. Pela americanização de conceitos velhos como o tempo. Muito menos pelo lançar de búzios, cujos lançadores podem manipular a sua magia para fazerem a leitura que mais lhes convém. Tanto vaticinam orgias de prazer que agradam aos poderosos, como negros presságios que acabam na desgraça dos opositores daqueles.
Na economia e nos negócios, as expectativas geradas na mente humana condicionam as decisões. Seja para poupar. Para esbanjar. Para investir.
António de Almeida, no Semanário Expresso, aqui.

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