Palavras que impõem respeito

Publicada por José Manuel Dias


Reformar é fazer diferente, é ser capaz de adaptar as acções novas circunstâncias e, por isso, não há reformas sem roturas, não necessariamente com os objectivos, mas com os meios e os modos de os alcançar.
Ora a dúvida sobre a recondução do director geral dos Impostos é uma total incoerência com um espírito de reforma.
Com efeito, está-se perante alguém do sector privado que manteve esse estatuto, mas que se dispôs a prestar um serviço público, introduzindo-lhe uma dinâmica própria.
Foi uma experiência de sucesso inquestionável pelo que se esperaria que servisse de exemplo para se repetir em um ou outro caso que se justificasse. Engano!
Para os que duvidam da continuidade da experiência, o que está em causa não é o desempenho, mas o nível de vencimento, isto é, ainda não se libertaram do conceito de que "serviço público" é prestado por servidores do Estado - funcionários públicos - com salários mais baixos do que os que vigoram no mercado, facto este compensado por "segurança no emprego".
Daí a existência de um "estatuto remuneratório", isto é, remuneração de acordo com o estatuto e não com o mérito e, portanto, a categoria igual deverá corresponder salário igual, independentemente dos resultados alcançados. Só a invocação de um "estatuto remuneratório" prova que se está a raciocinar em termos ultrapassados.
Para reformar é preciso romper com hábitos, ensair novas fórmulas e, acima de tudo, libertarmo-nos de preconceitos.
Manuela Ferreira Leite, " Ponto sem nó", caderno Economia, semanário Expresso de 13 de Janeiro de 2007

7 comentários:

  1. SentadaAoLuar disse...

    Sobre o assunto, tá tudo dito!!
    obrigada pela visitinha ;))

  2. Anónimo disse...

    Há muito que me libertei de preconceitos, mas continuo a "chorar", não sei porquê... Queria um dia brindar à boa gestão das organizações, tenho fé... Afinal "Deus apenas fez a água, mas o homem fez [ um After Eight ](Victor Hugo e eu ;)

    Convidado a um "drink" em Angel Bar.

    Bom fim de semana.

  3. Guilherme Roesler disse...

    José,

    o post abaixo é muito bom.

    Confesso que não li o livro do Huerta Soto.

    Infelizmente muitos ainda pensam que o empresario é um explorador, coisa que não é.

    Sobre a função empresarial tem um capito dedicado a este assunto no livro "Açao Humana", do Ludwig Mises.

    Acho que os argumentos devem girar em torno disso, não.

    Abraços, Guilherme

  4. Anónimo disse...

    "Para reformar é preciso romper com hábitos, ensair novas fórmulas e, acima de tudo, libertarmo-nos de preconceitos."

    Não podia estar mais de acordo.

  5. Anónimo disse...

    Olá,

    São os preconceitos que se mantêm que levam a muitas injustiças e à velha máxima " Se o outro ganha mais do que eu, porquê esforçar-me ??"

    Grande abraço

  6. José Manuel Dias disse...

    Caro Guilhereme
    Assim é de facto...
    Huerta de Soto, catedrático de Economia Política na Universidade Rey Juan carlos, de Madrid, é um estudioso da Escola Austríaca e dos grandes mestres, Carl Menger, Ludwing von Mises, Friedrich Hayek...A Ciência Económica é concebida mais como uma teoria da acção do que da decisão ( aspecto que os separa dos neoclássicos).
    Aqui, o conceiro de acção, na abordagem de Kirzner, inclui não só um hipotético processo de decisão num enquadramento de conhecimento "dado" sobre os fins e sobre os meios, mas sobretudo, a "própria percepção do sistema de fins e de meios".
    Abraço

  7. Anónimo disse...

    Pois,
    os que duvidam da continuidade do director, não pensam nos milhões que ele recuperou para os cofres do estado.
    o resultado está à vista.