Entre nós, a palavra economicismo ficou popular. Entrou pelo Dicionário da Academia das Ciências como "sobrevalorização dos aspectos económicos". Está conotada com o desdem do social. Contribui para a imagem dos economistas que vem da sombra do passado, como desmancha-prazeres das políticas públicas, porque vivem obcecados com os seus custos.
Entretanto, veio uma novidade. Quando os custos excessivos tornam inevitável a mudança, um economista é estimado, precisamente devido à fixação dos custos que lhe é imputada. É a continuação da vulgata economicista por outros meios.
Há bem mais do que isto. A economia é uma ciência das escolhas. Sugere como critério de mudança política que dela resulte um ganho líquido para a sociedade, que os benefícios que gera sejam superior aos custos que impõe. Sem excluir a análise de quem ganha e de quem perde.
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Esta contribuição metodológica é actual. Um culto da mudança tem atravessado a nossa sociedade. A Economia recorda-nos que mudar só por mudar é pouco ou nada. Que é a análise sistémica dos custos e benefícios de diferentes opções que podemos esperar melhorar a qualidade do debate político e conseguir melhores políticas públicas.
João Confraria, Professor da FCEE, Univ. Católica in Expresso de 28 de Outubro de 2006
Um artigo oportuníssimo para quem comenta as mudanças, o possa fazer com mais rigor e com noção que o gasto público não é gasto alheio mas próprio (dos cidadãos contribuintes).