Boas entradas

Publicada por José Manuel Dias


Aproxima-se 2007.
Todos nós temos de escolher a moeda com que vamos contruir o nosso futuro. Desenvolvimento e prosperidade ou atraso e pobreza. Quatro faces de duas moedas que cada vez mais se excluem e cujo curso nos determina o futuro.
Escolher a boa moeda depende da nossa atitude. Ser solidário é, seguramente, uma grande ajuda para que a a boa moeda possa expulsar a má.
A todos os que nos visitam apresentamos votos de Bom Ano Novo.

Ensino Superior : avaliação da OCDE

Publicada por José Manuel Dias


O relatório de avaliação do sistema do ensino superior em Portugal preparado pela Divisão de Educação da OCDE foi recentemente apresentado ao Governo Português. O relatório ressalta os aspectos positivos registados nas últimas décadas em Portugal, nomeadamente em termos de números de inscrições no ensino superior ( de cerca de 30.000 em 1960 para 400.000 em 2000) e identifica os actuais desafios, assim como as principais reformas que deverão ser introduzidas em Portugal.
As recomendações da OCDE organizam-se em seis grandes tópicos, como resumido seguidamente, com referência aos parágrafos específicos do relatório da OCDE : 1) coordenação e gestão do sistema; 2) governação e estatuto legal; 3) financiamento e eficiência do sistema; 4) acesso e equidade; 5) qualidade e excelência nos sistemas de ensino superior e de ciência e tecnologia; 6) abertura das instituições à sociedade.
De entre estes pontos, destacamos :
- O actual sistema de governação das instituições de ensino superior é considerado como esgotado face aos desafios que emergem e deverá ser aberto à sociedade;
- O sistema actual manifesta inúmeras ineficiências, nomeadamente ao nível da duplicação de cursos e programas de estudo com baixa atractividade e de uma insuficiente cooperação e colaboração entr instituições de forma a permitir uma maior mobilidade de estudantes;
- Mais de 15% dos alunos em Portugal não termina o 9º ano e 60% não termina o 12º ano, adicionalmente perto de 40% dos alunos do ensino superior não terminam o seu curso;
- As instituições do ensino superior encontram-se de forma geral excessivamente fechadas e pouco ligadas às necessidades da sociedade e às exigências do mercado de trabalho e manifestam uma insularidade que urge ultrapassar.
O relatório é uma avaliação extensiva, independente e objectiva de acordo com critéros internacionais, visando melhorar e orientar a reoganização e racionalização do sistema de acordo com as melhores práticas internacionais. Temos, pois, um grande caminho pela frente, na procura de uma melhor gestão dos dinheiros públicos, que o mesmo é dizer dos nossos impostos, e na melhoria do ensino, a bem do nosso país.

Existimos em Função do Futuro

Publicada por José Manuel Dias


Tentai apreender a vossa consciência e sondai-a. Vereis que está vazia, só encontrareis nela o futuro. Nem sequer falo dos vossos projectos e expectativas: mas o próprio gesto que surpreendeis de passagem só tem sentido para vós se projectardes a sua realização final para fora dele, fora de vós, no ainda-não. Mesmo esta taça cujo fundo não se vê - que se poderia ver, que está no fim de um movimento que ainda não se fez -, esta folha branca cujo reverso está escondido (mas poderia virar-se a folha) e todos os objectos estáveis e sólidos que nos rodeiam ostentam as suas qualidades mais imediatas, mais densas, no futuro. O homem não é de modo nenhum a soma do que tem, mas a totalidade do que não tem ainda, do que poderia ter. E, se nos banhamos assim no futuro, não ficará atenuada a brutalidade informe do presente? O acontecimento não nos assalta como um ladrão, visto que é, por natureza, um Tendo-sido-Futuro. E, para explicar o próprio passado, não será a primeira tarefa do historiador procurar o futuro?
Jean-Paul Sartre ( 1905/1980) , in 'Situações I', ensaio político.

Boas festas

Publicada por José Manuel Dias


Mais um ano que se aproxima do seu término. Ocasião para renovadamente alimentarmos o desejo de um tempo e um espaço onde "cada homem viva como um homem". Ocasião para reiterarmos as nossas convicções e afirmarmos que um dia será possível:
" habitar uma terra onde não se cortem as árvores só para que não façam sombra aos arbustos";
" viver num mundo onde não se cuide mais do fato que da consciência, da bolsa que da alma".
Votos de um Feliz Natal e um Excelente Ano de 2007 a todos que nos visitam.
Na imagem a maior árvore de Natal da Europa- a árvore do MilenniumBcp - instalada na Praça do Comércio, em Lisboa. Tem 75 metros de altura, um peso de 280 toneladas, 2,35 milhões de micro-lâmpadas, 26 mil metros de mangueira luminosa e 410 metros de néon.

Lições para Portugal

Publicada por José Manuel Dias



1. A reestruturação da economia finlandesa só foi possível com uma aposta clara na qualificação e requalificação dos recurosos humanos. Readaptção e versatilidade são palavra-chaves num país cuja estratégia nacional assenta na inovação. Por isso, a formação contínua ao longo da vida dos indivíduos é, há vários anos, uma prioridade clara para as autoridades finlandesas.
2. Os espanhóis, através da marca Zara, do grupo Inditex, estão presente nas maiores cidades do Mundo ( Aveiro é uma delas...), o Santander é um dos maiores bancos mundiais e a Telefónica não pára de crescer. Uma imagem de marca forte, agressividade comercial e serviços inovadores explicam este sucesso.
3. O espírito combativo dos finlandeses e a grande perseverança explicam o sucesso do país dos "mil lagos". Trabalho, mérito, poupança, paciência e sacrifício são valores dominantes na Finlândia e que se reflectem nas suas organizações.
4. A Irlanda até meados da década de 90 produzia bens tradicionais com baixo valor acrescentado. A aposta na educação, a redução de impostos, a reforma da administração pública e a concertação social, concorreram para o grande influxo de investimento estrangeiro registado. Bom capital humano e elevado investimento directo estrangeiro permitiram à economia inovar e crescer.
Adaptado da Revista "Exame", Edição Especial 2006

O espaço público

Publicada por José Manuel Dias


Vê-se que o espaço público falta cruelmente em Portugal. Quando há diálogo, nunca ou raramente ultrapassa as «opiniões» dos dois sujeitos bem personalizados (cara, nome, estatuto social) que se criticam mutuamente através das crónicas nos jornais respectivos (ou no mesmo jornal).O «debate» é necessariamente «fulanizado», o que significa que a personalidade social dos interlocutores entra como uma mais-valia de sentido e de verdade no seu discurso. É uma espécie de argumento de autoridade invisível que pesa na discussão: se é X que o diz, com a sua inteligência, a sua cultura, o seu prestígio (de economista, de sociólogo, de catedrático, etc.), então as suas palavras enchem-se de uma força que não teriam se tivessem sido escritas por um x qualquer, desconhecido de todos. Mais: a condição de legitimação de um discurso é a sua passagem pelo plano do prestígio mediático - que, longe de dissolver o sujeito, o reforça e o enquista numa imagem «em carne e osso», subjectivando-o como o melhor, o mais competente, o que realmente merece estar no palco do mundo.
In " Portugal, Hoje. O Medo de Existir", GIL, José (2004), Relógio d´Água, Lisboa

Problemas e oportunidades

Publicada por José Manuel Dias



Em meados dos anos 60 algumas empresas do sector do calçado iniciaram projectos de exportação para Angola. No mesmo do dia, dois vendedores de empresas distintas, uma de Felgueiras e outra de S. João da Madeira, desembarcaram em Luanda. Tinham como propósito fazer um levantantamento das potencialidades do mercado. No final do dia, depois de terem conhecido a cidade, mandaram "telexes" (os faxes apareceriam duas décadas mais tarde) para as gerências das respectivas empresas. Um deles dizia " Senhores, cancelem o projecto de exportação para Angola. Aqui ninguém usa sapatos! ". O outro dizia " Senhores, enviem-me, desde já, três contentores de sapatos e acelerem o projecto de exportação. Aqui andam todos descalços".
A mesma situação foi interpretada de modo diferente pelos dois vendedores. Onde um viu dificuldades, o outro viu oportunidades. Tudo na vida pode ter sempre duas visões. Depende de cada um de nós transformar problemas em oportunidades.

Portugal é dos melhores

Publicada por José Manuel Dias

Portugal é o 13º país, em 180, com mais baixa taxa de mortalidade infantil. De 1990 até 2005, a taxa passou de 14 mortes por cada mil crianças para apenas cinco, de acordo com o relatório Situação da Infância em 2007 divulgado pela UNICEF.
Portugal é, também, um dos países do mundo com esperança média de vida mais elevada, 78 anos. Só dez países no mundo têm uma taxa superior à portuguesa a este nível.

Aprender compensa

Publicada por José Manuel Dias


Que mensagem usaria para convencer os trabalhadores e empresas a aderir à formação profissional?

A mensagem que importa sublinhar é que aprender compensa, existe uma relação clara entre os níveis de qualificação e os ganhos económicos e sociais.
Aos trabalhadores será útil dizer que uma qualificação de base mais elevada facilita o acesso a melhores empregos, mais interessantes e com melhores salários. Para as empresas, investir em qualificação é, também, condição fundamental de sucesso. Trabalhadores mais qualificados garantem melhores níveis de produtividade, maior capacidade de inovação, asseguram a realização de actividades mais exigentes em conhecimento e contribuem para reforçar a capacidade competitiva das empresas.
Resposta de Fernando Medina, Secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional, ao JN, Suplemento as 1.000 + rentáveis 2006

A lista...

Publicada por José Manuel Dias


A partir de Janeiro do próximo ano, o Fisco vai alargar os critérios de publicitação da lista dos devedores ao Estado, passando a divulgar as dívidas a partir dos 25 mil euros para as pessoas singulares e as de 50 mil para as colectivas. De acordo com notícia veiculada, nesta data, pelo jornal " Público" as Finanças pretendem com essa medida expor um maior número de contribuintes com dívidas ao Estado e acelerar o processo de regularizações. Desde o início da divulgação desta lista, em Julho, foram regularizados 1716 processos de dívidas, no valor de 40 milhões de euros. Parece poder concluir-se que a decisão do Governo, inicialmente contestada por uns tantos, é afinal eficaz. Existe muito " boa gente" que deveria pagar os seus impostos mas não o faz e, uma vez que não é titular de património penhorável, o Fisco não consegue fazer a respectiva cobrança.
A divulgação da lista tem efeitos positivos pois permite identificar os riscos de crédito dessas entidades. Ninguém quererá ter relações comerciais com quem não cumpre as suas obrigações fiscais, uma vez que " quem faz um cesto faz um cento...". Trata-se de uma informação relevante, dadas as dificuldades existentes na determinação do risco de crédito na maioria das nossas empresas e a morosidade na cobrança judicial das dívidas . Por outro lado, e não menos negligenciável, passa a existir uma censura social a quem se furta ao cumprimento das suas responsabilidades fiscais lesando o Estado que o mesmo é dizer todos nós.

Bons Professores

Publicada por José Manuel Dias


Os bons professores usam a memória como armazém de informação, os professores fascinantes usam a memória como suporte da criatividade. Os bons professores cumprem o conteúdo programático das aulas, os professores fascinantes também cumprem o conteúdo programático das aulas, mas o seu objectivo fundamental é ensinar os alunos a serem pensadores e não repetidores de informação.
In Pais brilhantes, Professores Fascinantes, CURY, Augusto (2003), Editora Pergaminho, Cascais

Consumismo cego

Publicada por José Manuel Dias


A nossa vida é influenciada em grande medida pelos jornais. A publicidade é feita unicamente no interesse dos produtores e nunca dos consumidores. Por exemplo, convenceu-se o público de que o pão branco é superior ao pão escuro. A farinha, cada vez mais finamente peneirada, foi privada dos seus princípios mais úteis. Mas conserva-se melhor e o pão faz-se mais facilmente. Os moleiros e os padeiros ganham mais dinheiro. Os consumidores comem, sem o saber, um produto inferior. E em todos os países em que o pão é a parte principal da alimentação, as populações degeneram. Gastam-se enormes quantias na publicidade comercial. Assim, imensos produtos alimentares e farmacêuticos inúteis, e muitas vezes prejudiciais, tornaram-se uma necessidade para os homens civilizados. Deste modo, a avidez dos indivíduos suficientemente hábeis para orientar o gosto das massas populares para os produtos à venda desempenha um papel capital na nossa civilização.
Alexis Carrel (1873, 1944) , in "O Homem esse Desconhecido"

«Empresa na Hora» vence prémio europeu

Publicada por José Manuel Dias


O projecto português «Empresa na Hora» foi, ontem, distinguido em Bruxelas com o prémio europeu de iniciativa empresarial na categoria de «redução da burocracia», num evento apoiado pela Comissão Europeia.
Estes prémios, lançados em 2005, visam reconhecer e recompensar iniciativas tomadas por autoridades locais para apoiar o espírito empresarial a nível regional, tendo aderido à competição mais de 400 autoridades locais e regionais de todos os países da União Europeia (UE), dos futuros Estados-membros Bulgária e Roménia, e ainda da Islândia e Noruega.
Das centenas de propostas foram escolhidas 13 finalistas, entre as quais o projecto «Empresa na Hora», o regime especial de constituição de sociedades que torna possível estabelecer empresas em menos de uma hora e com custos muito mais reduzidos, perante um único controlo administrativo.

O SIADAP e o fim da história

Publicada por José Manuel Dias


O SIADAP (Sistema integrado de avaliação de desempenho da administração pública) é um modelo de avaliação global que permite implementar uma cultura de gestão pública, baseada na responsabilização de dirigentes e outros trabalhadores relativamente à prossecução dos objectivos fixados, mediante a avaliação dos resultados. Está ser objecto de implementação em toda a Administração Pública e assenta em três componentes:
1) objectivos individuais - tendo em vista os objectivos do Serviço;
2) competências comportamentais - tendo em vista avaliar as características pessoais que diferenciam os níveis de desempenho numa função;
3) atitude pessoal - tendo em vista avaliar o empenho pessoal para alcançar níveis superiores de desempenho ( esforço, interesse e motivação).
A sua concretização está suscitar naturais dificuldades e algumas críticas, oriundas dos sectores que não estavam habituados a prestar contas do seu desempenho. As mudanças exigem sempre esforços adicionais e uma cultura de exigência e rigor ainda não é característica da nossa Administração Pública. Este sistema foi aprovado durante o Governo de Durão Barroso - Lei nº 10/2004, de 22 de Março - mas só, agora, por iniciativa do actual executivo, está a ser materializado. Quem está identificado com as práticas do sector privado e conhece as empresas mais competitivas sabe que a avaliação de desempenho é um instrumento essencial para termos profissioanis mais qualificados e serviços com a mais qualidade. Anda, pois, bem o Governo, ao fazer, o que está a fazer. Estamos no bom caminho. Histórias, como a que referimos infra, vão deixar de ter aderência à realidade da nossa Administração Pública.
Era uma vez quatro pessoas que se chamavam toda a gente, alguém, qualquer um e ninguém. Havia um importante trabalho que tinha que ser feito e toda a gente acreditava que alguém é que o iria executar.
Qualquer um poderia fazê-lo, mas ninguém o fez. Alguém ficou aborrecido com isso, porque entendia que a execução do trabalho era responsabilidade de toda a gente. Este pensou que qualquer um o poderia fazer, mas ninguém imaginou que toda a gente não o faria. Toda a gente culpou alguém, quando ninguém fez o que qualquer um poderia ter feito!

Desemprego continua a baixar

Publicada por José Manuel Dias


Em Setembro de 2006, o número de desempregados registados no distrito de Aveiro era de 31.818, um decréscimo de 4,35 por cento comparando com o mesmo mês do ano passado.
Aveiro, continua a ser o quinto distrito com mais desemprego registado. O número de desempregados registados representa 8,9% da população activa do distrito.
As mulheres continuam a ser mais afectadas: são 20.064 em Setembro 2006, 63% dos desempregados registados e os de longa duração atingem 14.251 trabalhadores, 44,8% do desemprego do distrito.
O desemprego registado dos jovens com idade inferior a 35 anos, é de 12.240, 38,5% do desemprego registado no distrito e o registado na faixa etária dos 35 aos 54 anos, é de 13.360, 42% do desemprego registado no distrito.

Philip Kotler

Publicada por José Manuel Dias


O autor de Marketing Management esteve mais uma vez em Portugal. Doutorado em Economia pelo Massachusetts Institute of Technology, leccionou Marketing Internacional na Kellog Graduate School of Management, da Northwestern University, uma das mais prestigiadas escolas de pós-graduação em Gestão do mundo. No Fórum Mundial de Marketing e Vendas 2006, realizado em Lisboa, Kotler proferiu uma lição sobre o Marketing orientado para os resultados. Iniciou a sua intervenção com a seguinte questão: " O que é que um Chief Marketing Officer ( CMO) deve fazer?". Segundo Kotler, o marketing tem de trabalhar para as vendas, é um impulsionador. " O novo mercado é implacável", lembra.
"A grande aposta hoje é a comodotização: temos de ser diferentes, de qualquer maneira, na proposta de valor; fazer melhor não é estratégia operacional, como dizia Porter. Copiar não chega".
De acordo com Phillip Kotler as cincos aptidões mais importantes do CMO são:
1. Recolher informações mais aprofundadas sobre os clientes;
2. Posicionar melhor a sua marca;
3. Encontrar novas ideias para produtos e serviços inovadores;
4. Comunicar com mais impacto.
5. Avaliar o seu impacto financeiro e conseguir maior alavancagem e respeito pelo marketing no interior da sua organização.

A defesa do Estado Social

Publicada por José Manuel Dias


Façamos uma leitura desapaixonada da realidade portuguesa, focalizando nas duas últimas décadas (números de Medina Carreira, fiscalista e ex- Ministro das Finanças de um Governo PS):
A economia cresceu 80%; as arrecadações fiscais, 155%; a despesa total, 170%; os salários, as pensões e os subsídios, 209% .
O peso das despesas públicas subiu assim mais de 50% entre 1980 e 2000 (30,9% do PIB em 1980 e 46,6% em 2000), com o crescimento económico sempre em desaceleração (7,5% em média anual nos anos 60, 4,5% nos anos 80, 2,7% nos 90 e, provavelmente, não mais que 1,5% entre 2000 e 2010).
Entre 1980 e 2000 a carga fiscal portuguesa aproximou-se muito da média da UE dos 15. O número de funcionários públicos e de pensionistas (SS+CGA) era de 560.000 funcionários e 1.780.000 pensionistas, em 1980 e cresceu para 747.000 funcionários e 2.907.000 pensionistas, em 2000. Nesse período a população terá crescido entre 5% a 10%.
A expansão da carga fiscal foi dupla da criação de riqueza (PIB), mas apesar do bom comportamento financeiro dos impostos, entre 1980 e 2000, regista-se um enfraquecimento acelerado da capacidade fiscal para suportar as despesas.
O actual Governo tem noção desta realidade e, pela primeira vez na história da nossa jovem democracia, o orçamento reflecte uma diminuição do peso da despesa pública relativamente ao PIB.
Os políticos da oposição têm sugerido mezinhas para resolver problemas de fundo ou tentam, irresponsavelmente, manter tudo como está, pensando que é com manifestações e acções de rua que se conseguem "garantir os direitos". Ignoram uma realidade incontornável, se a economia não providenciar os fundos necessários, o Estado Social não funcionará ou funcionará de forma deficiente.
Modernizar a economia, qualificar a mão de obra, incentivar a melhorar do desempenho nas empresas privadas, reformar a administração pública, desburocratizar o seu funcionamento, requalificar o seu pessoal e implementar uma avaliação eficaz do seu desempenho, combater a fraude e a evasão fiscais, são, pois, condições essenciais à melhoria da nossa competitividade e, por essa via, ao dinamismo da nossa economia.
O modelo do Estado Social, nos moldes em que tem funcionado, está em discussão em toda a Europa. Sem modificações sérias e profundas está comprometido. Quem quer que o Estado Social permaneça - assistindo aos que temporariamente ou por circunstâncias adversas se encontram impossibilitados de se valerem a si próprios - deve ter noção que as mudanças são necessárias e urgentes. Se não formos bem sucedidos nesses propósitos as maiores vítimas serão os mais desfavorecidos da nossa geração e serão as gerações seguintes que pagarão o preço do nosso egoísmo e da nossa irresponsabilidade.

Palavras que impõem respeito

Publicada por José Manuel Dias


A crescente importância das instituições intermédias na implementação de políticas públicas exige que elas se afirmem como entidades complementares, e não como barreiras ao desenvolvimento. O que implica perceber que as suas independência e liberdade de iniciativa passam mais pelo reforço do mercado e da liberdade individual do que pelas boas graças e pelos subsídios do Governos; pelas políticas públicas de acordo com as quais os serviços privados, estatais e sociais contribuem para uma sã concorrência e uma cultura de responsabilização; por uma cultura menos assente no saque dos dinheiros públicos e mais dependente da organização, da busca de novas e mais criativas soluções para os problemas públicos. As universidades são talvez um bom exemplo de uma certa dificuldade em superar as incapacidades próprias, não através de um reforço do corporativismo, mas pela distinção pela qualidade do serviço oferecido, ou seja, dando respostas mais adequadas às novas exigências e ao potencial de um «mercado» em busca de um novo enquadramento legal e de novos desenhos organizativos.
Sabemos bem que a missão destas organizações se situa quase sempre no longo prazo, mas isso não as dispensa de resultados. Muito menos de justificar todos os dias a sua existência em função dos resultados. Tais instituições, a começar pelas que se assumem sem fins lucrativos, devem ser avaliadas pelas intenções e motivações mas principalmente pelos resultados. É por isso que, de forma permanente, os seus responsáveis se devem interrogar sobre a adequação entre esforços e resultados e se não seria possível utilizar melhor os seus recursos. O que implica um exame e uma avaliação contínuos dos seus programas e projectos no sentido de saber se estão a evitar desperdício ms também se estão a dar «lucros» efectivos, medidos em termos do chamado capitalismo cívico.
MOREIRA, José Manuel ( 2002), Ética, Democracia e Estado, Cascais, Principia