Os números são reveladores : há já vários anos que a despesa anual em Educação é em Portugal equivalente a 5% do Produto Interno Bruto (PIB, a riqueza produzida pelo país). O esforço financeiro é grande, quando a referência é o resto da União Europeia, mas os resultados não têm sido proporcionais.
Portugal regista, de acordo com o Eurostat, a mais elevada percentagem de abandono escolar precoce da Europa dos 15, com um valor de 42,6%. Segue-se a Espanha com 29,9%, enquanto a Finlândia, com 8,9%, a Suécia com 7,7% e a República Checa com 5,5% evidenciam a melhor performance do conjunto dos 15.
No que concerne à população entre os 25 e os 64 anos que completou o ensino secundário, Portugal tem, também, o pior desempenho - apenas 26,2%, seguindo-se a Espanha com 48,4%. Figuram no topo países como República Checa, Estónia ou Lituânia, com valores próximos dos 90%. Suécia, Finlândia e a Alemanha, registam valores superiores a 80%.
Estima-se que o PIB português poderia ter crescido mais 1,2 pontos percentuais cada ano, entre as décadas de 1970 e 1990, se os nossos níveis de escolaridade estivessem equiparados à média dos países da OCDE. De acordo com Ján Figel, comissário Europeu para para Formação e Educação:
" Não se pode ter um ensino superior de qualidade sem ensinos pré-primário, primário e secundário de qualidade. Os melhores resultados ao nível europeu, foram conseguidos à custa de abordagens para o longo prazo e graças a uma ligação horizontal entre educação/formação e muitas outras áreas conexas. Uma perspectiva oposta a uma concepção por vezes ainda prevalecente de um distanciamento elistista face à realidade social e industrial. Sei que este ano lectivo, foi adoptada ( em Portugal) alguma legislação para o processo de Bolonha. Demorará o seu tempo, levá-la do Parlamento ao mundo real, mas Portugal está a mexer e na boa direcção".
Fonte : JN de 30 de Novembro, suplemento
Temos pela frente grandes desafios, as gerações mais novas não nos perdoarão se não soubermos agarrar esta oportunidade para fazermos as mudanças necessárias.