Laurence J. Peter e Raymond Hull publicaram em 1969 um livro a que deram o nome " The Peter Principle" em que procuram demonstrar que toda a acção administrativa, tende sempre a preocupar-se com justificações para um desempenho ineficiente.
Todos nós conhecemos organizações em que incompetentes têm um papel de relevo, interferindo na qualidade global da prestação do serviço. Estas situações, sempre que se trata de serviços públicos, assumem particular gravidade, pois prejudicam os respectivos utentes e, por via indirecta, todos os contribuintes. Não deixa, no entanto, de ser curioso observar que muitos dos incompetentes não tem noção desse facto e fazem "como sempre fizeram", argumentando que têm muita experiência da função. Esquecem-se que na generalidade das situações, ter dez anos de experiência, corresponde a um ano de experiência repetido 9 vezes. Estudos recentes indicam que Portugal é o quarto país da União Europeia ( Clube dos Quinze ), onde mais se trabalha mas onde menos se produz. Existem várias razões para esta triste realidade mas, seguramente, estará no topo a ausência de uma cultura organizacional por parte das respectivos responsáveis hierárquicos. Somos, assim, levados a pensar que em grande parte das organizações, com particular relevo para alguns serviços da Administração Central e Local, o "Princípio de Peter " prevaleceu, que o mesmo é dizer, " numa hierarquia, todo o empregado tende a subir até chegar ao nível da sua incompetência" ou, ainda, "todo o cargo tende a ser ocupado por um funcionário que é incompetente para cumprir os seus deveres".
Portugal precisa de um cultura de exigência e de rigor, em que cada um dos agentes do processo produtivo, saiba qual a razão porque trabalha e com que propósito, sendo responsabilizado pela concretização dos objectivos que lhe forem cometidos. A avaliação do desempenho é, pois, neste contexto, mais do que uma necessidade, é uma exigência.
A cultura do trabalho em Portugal sempre sofreu desse mesmo mal. E nem sequer se poderá dizer que é um problema de capacidade. A cultura do mérito nunca foi incentivada, e muitas vezes é mesmo punida, até pela propria via legal. A alteração deste panorama é um pressuposto essencial para o desenvolvimento saudavel e consistente da nossa economia.
bem haja pelo post.