Vivemos épocas de grandes mudanças. Os números divulgados apontam para o desaparecimento de muitas empresas. Os problemas não são, no entanto, de hoje. Aos efeitos perniciosos da degradação das tesourarias, em resultado do alargamento dos prazos de cobrança e do avolumar dos créditos incobráveis, junta-se a concorrência dos países asiáticos, incontrolada e incontrolável.
Ao nível da gestão das empresas o primeiro impulso conduz ao corte nos custos. Procura-se emagrecer, despedir, desinvestir. Questiona-se o futuro. Empresas, outrora rentáveis, passam a estar no vermelho, em resultado do declínio nas vendas. Uma análise mais detalhada confirma, muitas vezes, a inviabilidade económica do negócio, fruto da conjugação de várias causas e das quais podemos salientar:
1) Impreparação da gestão;
2) Aumento da concorrência ;
3) Estrutura de custos pesada e pouco flexível;
4) Mudanças nos padrões de procura;
5) Marketing ineficiente;
6) Aumento brusco do preço das matérias - primas;
7) Ausência de informação de gestão adequada;
8) Projectos excessivamente ambiciosos com estruturas de financiamento desajustadas;
9) Degradação das estruturas financeiras, com recurso excessivo ao endividamento bancário;
10) Crescimentos acelerados tendo em conta os capitais próprios (overtrading).
Existem, naturalmente, outras causas que podem concorrer para o declínio das empresas. As indicadas servem, no entanto, só por si, para sustentar a nossa apreciação. Existem causas exógenas mas , em parte expressiva das situações, muitos dos problemas estão dentro da própria empresa.
A contabilidade é vista, muitas vezes, como uma exigência do fisco, e não como um instrumento de apoio à gestão da empresa. Privilegiam-se os resultados imediatos e negligenciam-se as decisões de médio/longo prazo que podem sustentar a continuidade da empresa. É patente, na maioria das empresas familiares, uma deficiente comunicação interna. A gestão é autocrática e inflexível e, em épocas de crise, tomam-se medidas que sendo mal explicadas acabam por não ser compreendidas. Instala-se um clima de desconfiança e os melhores quadros acabam por abandonar a empresa. A recuperação torna-se ainda mais problemática.
Importa, porém, sublinhar que é possível recuperar muitas das empresas em situação económico-financeira difícil se, tempestivamente, forem tomadas as medidas adequadas. Os empresários têm de se apoiar em quadros qualificados, solicitando o apoio, caso necessário, de consultores externos que podem fazer um diagnóstico adequado e propôr medidas de combate à crise.
A gestão do improviso tem de ser substituída por uma cultura de mudança. Com flexibilidade mas com firmeza, o "turnaround" pode ser possível.
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