Nas últimas semanas, têm sido publicados dados sobre a demografia portuguesa, revelando uma população envelhecida, por via da baixa taxa de natalidade e da queda dos movimentos imigratórios. Paralelamente, a lista dos países mais envelhecidos é encabeçada por economias que, na última década à semelhança de Portugal, têm revelado crescimentos económicos débeis: Japão, Alemanha e Itália. Esta circunstância desperta interrogações sobre um eventual nexo entre envelhecimento e fraco crescimento.Para Portugal, inevitavelmente, o envelhecimento coloca importantes desafios à sustentabilidade da Segurança Social e do Serviço Nacional de Saúde, impondo a refundação dos regimes prevalecentes. Para além deste efeito, analisando o andamento das economias nipónica, alemã e italiana, emerge a ideia de que o envelhecimento poderá constituir um factor adicional para o empobrecimento da economia nacional ou obstaculizar a desejada reversão da tendência dos últimos dez anos. O diagnóstico das dificuldades da economia portuguesa condensa-se em reduzida produtividade com excessivo peso do sector dos bens não transaccionáveis, baixa poupança, limitado investimento em investigação e desenvolvimento, empreendedorismo mitigado, desadequação da qualificação da força de trabalho.
Cristina Casalinho coloca-nos perante um dos maiores problemas da actualidade: o envelhecimento da população. O artigo, que pode ser lido na íntergra aqui, suscita uma série de reflexões: aumento da pirâmide de idades tende a reduzir o consumo interno; ora se vendemos menos internamente e queremos manter a capacidade instalada utilizada em nível adequado temos de exportar. Mas para exportarmos temos de ser competitivos, explorando ao máximo o outsourcing dada a rigidez do nosso mercadode trabalho. Esta situação conduz a uma diminuição de perspectivas de futuro para os jovens que adiam as decisões de constituir famílias e, em consequência, a menores nascimentos. Se nascem menos, a população envelhece e consome-se menos. Se se consome menos, cobram-se menos impostos e aumenta o défice. Se as pessoas são mais velhas tendem a recorrerem mais aos serviços públicos de saúde e o défice agrava-se. Se o défice se agrava o Governo é levado a lançar mais impostos e os preços aumentam o que induz perca de competitividade externa. A coisa não está fácil. Há que aumentar a natalidade se queremos dar a volta a isto.
É impressionante como um evento ocorre em série causando um efeito dominó desse tipo. Ao menos temos o conhecimento para identificarmos essas falhas para que possamos encontrar soluções, e não mais barreiras. Sempre que conseguimos superar algo, damos um passo para cima, na superação da própria capacidade humana... é bom termos desafios como esses, só nos resta sair do comodismo e pôr as mãos à trabalhar. Belo artigo, continue com este blog!(que agora olho todos os dias, =])
Rodrigo Àbnner