Paradoxo: por um lado, a televisão fabrica-me representações de um mundo longínquo; por outro, esse é o mundo adequado ao meu mundo. É o que me convém: se as imagens do mundo não me dizem respeito, ou me dizem só longinquamente respeito, então está tudo bem assim, porque a minha imagem também só enevoada me diz respeito. Eu nem me apercebo do «longe», do «afastamento», da «ausência de mim a mim». Não há paradoxo, porque não há consciência dele. Não há sobressalto de pensamento. Tudo se mistura, talvez.
José Gil, in 'Portugal Hoje - O Medo de Existir'
É verdade meu Caro JMD:
Chegamos a uma certa altura da vida depois de muitas experiências vividas e passadas, temos a conclusão que a vida foi e é, um teatro. Já em nós muitas vezes não acreditamos.Somos uma imagem ténue do turbilhão que com o tempo se gera cá dentro.
Olhamo-nos tantas e tantas vezes, como mais um actor.
Falamos com A e B, e nunca nos abrimos como gostaríamos porque não confiamos e temos assim, sempre de representar, se quisermos algum sossego.
A vida é efectivamente um mundo de medos e fingimentos. Somos apenas mais uma nuvem, entre outras.
Este pensamento parece longe do propósito, mas acredite, vem a propósito...
Cumprimentos.