A revolução silenciosa

Publicada por José Manuel Dias



Foi anunciado pelo Primeiro Ministro, José Sócrates, o crescimento dos cursos profissionais dos ensinos básico e secundário de 3300 para 5000, na apresentação da campanha «Faz o Secundário aprendendo uma profissão», no âmbito das Novas Oportunidades. O aumento de 1700 cursos em relação a 2006/07 e de 2500 relativamente a 2005/06 faz com que os alunos da quase totalidade das escolas secundárias possa optar por um curso profissional. Tem também como finalidade que metade dos alunos venha a optar pelo ensino profissional, cumprindo, aliás, recomendações da OCDE.
Registou-se neste ano lectivo um aumento do número total de alunos - invertendo a tendência verificada nos 10 anos anteriores - graças ao regresso de muitos jovens ao ensino através destes cursos. Nos cursos profissionais a taxa de insucesso e abandono escolar é muito menor e os alunos saem da escola com uma certificação profissional que os habilita para o mercado de trabalho.
Gostaríamos de conhecer a posição dos sindicatos dos professores sobre esta importante medida que está já a contribuir para uma revolução silenciosa...Consulta-se os sites dos sindicatos e a temática é a mesma de sempre " a defesa dos direitos adquiridos" , assumindo-se como novidade a questão do concurso para Professores titulares.
O mundo está a mudar mas , uns tantos, continuam a olhar para as questões de hoje, com a lógica do passado. Não contribuem para a melhoria do ensino, nem para a valorização dos professores e tendem a fechar a porta aos candidatos a professores que aguardam a oportunidade para demonstrar que são tão bons como os melhores e que não temem as avaliações.

10 comentários:

  1. veritas disse...

    Eu também ouvi. Passei para desejar uma óptima semana.

    Bjs.

  2. mim disse...

    É difícil, de facto, haver evolução na qualidade do ensino, quando muito do que se faz nas escolas se centra nos direitos dos professores e não nas necessidades dos alunos.
    Penso que as coisas podem mudar, embora lentamente.
    Os cursos profissionais são um bom passo. Vejamos agora como serão encarados pelos professores, pelos alunos e pelos pais, que tendem a vê-los como o último recurso para quem tem poucas capacidades. Urge mudar mentalidades...

    Beijos

  3. Porfirio Silva disse...

    Caro José Manuel Dias:
    Concordo plenamente com a forma como colocas a questão. Isto é: se o sindicalismo se alheia do papel dos seus associados no progresso geral da sociedade, concentrando-se apenas no que julga serem os interesses imediatos dos seus "clientes", isola-se dos demais cidadãos e do mundo. É por isso que muitos sindicatos se tornam autistas. Mas eles não são os únicos...
    Isso põe, contudo, outra questão. Por muito que custe a "velhos antifascistas" como nós, isso suscita um repensar da velha questão do corporativismo. É que, e contra mim falo, a exigência de que as partes (sindicatos, por exemplo) defendam o "todo" e não apenas a sua "parte" - isso é, com outra apresentação, uma espécie de novo corporativismo. Já tinhas pensado nisto assim? Isto não me assusta, não receio identificações apressadas... mas deve dar que pensar.
    Caloroso abraço.
    Porfírio Silva

  4. Cleopatra disse...

    Ninguém teme as avaliações... todos já foram avaliados...
    José Manuel, voc~e é um homem tão inteligente e não vê que, quem exige isto, não corresponde ao figurino?

  5. Terra e Sal disse...

    Venho tarde meu Caro José Manuel Dias, venho tarde, e de longe.
    Gostei particularmente deste Post pelo assunto principal que aborda.
    Sempre pensei que foi uma estupidez terem acabado de uma forma geral com aqueles cursos profissionais (industriais).
    Na nossa ignorância tacanha quisemos ser um país de licenciados, e, se calhar, foi das poucas coisas que conseguimos. Não sei mas penso que devemos ter estatísticas lindas para mostrar lá fora, e devemos estar muitíssimo bem posicionados.
    É que, hoje, o país está efectivamente a abarrotar de licenciados, e sabemos também penso que só para nós, que não servem para coisíssima nenhuma. Inventaram-se cursos para encherem egos, e os cofres às Universidades privadas. Hoje em todas as famílias há dr.s a estorvarem.
    Os cursos e os dr.s só servem para encher de orgulho alguns pais, e a outros, enche de frustração.

    Os cursos são tantos e tão fracos que não servem para coisa nenhuma.
    Os seus detentores, com 25/30 anos e mais, dormem refasteladamente até ao meio dia e depois, à tarde à noite e madrugada dentro, estorvam-se e acotovelam-se para arranjarem um lugar à mesa dos cafés, e bares, que autoridades dizendo-se competentes, fomentaram e fomentam. É o país que temos, e o povo que somos!
    Os pais vão mantendo os seus dr.s por longos anos, e muitos têm essa cruz até morrerem.
    Resumindo: ´
    Pais frustrados e filhos frustadíssimos, esta é a cena da grande maioria das famílias!

    Foi infelizmente preciso recomendações externas, para verem que um curso profissional é a solução adequada para a maioria dos nossos jovens que andavam e andam, por aí a deambular sem eira nem beira, como mortos-vivos.
    É por isso que não posso deixar de ser pessimista, quanto ao nosso país, já que, para uma simples adição de 2+2 andam uma eternidade a pensar que é uma grande equação, difícil de resolver, e é preciso outros virem cá, ou "mandarem dizer" que é apenas uma soma.

    Caro JMD, não quero ser extenso ( e sou sempre) mas antes de acabar não posso deixar de lhe dizer que não gostei da crítica que faz aos Sindicatos.
    É certo que com a velocidade que anda não a “economia de mercado” mas antes o “capitalismo selvagem” eles têm hoje muitas dificuldades para se movimentarem e imporem, mas continuam a ser indispensáveis a qualquer sociedade civilizada.

    Hoje, ao contrário do antigamente (como diz) tudo anda a uma velocidade estonteante, é um facto.
    Os G7/8/9/15 ou 100 têm infelizmente a faca e o queijo na mão.
    Acaso algum dia lhe passou pela cabeça que os ricos se preocupam com os pobres ou seja, com a parte social? Ou teremos de viver da esmolinha, da caridadezinha daqueles que sugam o capital humano, principal fonte da sua riqueza? Acha injusto procurar que haja equilíbrio entre uns e outros?
    Penso que tem anos e experiência de vida suficientes, para não acreditar em tal.

    Portanto, entre a entidade patronal e trabalhadores foi, é, e será sempre, uma “guerra santa,” que sempre existiu, existe, e sempre existirá, infelizmente com desvantagem para os menos fortes.

    Não tenha pena do capital, dos grandes investidores.
    Eles sabem-se defender bem de mais.
    Saberá certamente que hoje os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez estão mais pobres.

    Veja as novas regras do “Código do trabalho” e mesmo assim, o grande capital não está satisfeito...
    Eles querem sempre cada vez mais, porque não há-de a outra parte, exigir o mesmo?

    O social, a justiça social, (velho chavão, está o meu amigo a pensar)a solidariedade entre os homens, cada vez mais se afasta da doutrina da moral.
    A sociedade está a degradar-se dia a dia, devemos deixar as coisas continuar assim?
    Ou será que isso nada tem a ver com o esta situação de marginalização de uns e a prepotência de outros?

    Vamos sujeitando-nos apenas e só às migalhas e a um tecto para dormir?
    Será que muitos de nós,portugueses terá garantias disso ao menos?

    O “Ter” é e sempre foi ganancioso, só pensa em si mesmo, é demasiado atrevido para andar à vontade e é preciso a bem ou a mal, travá-los para não recuarmos séculos na civilização.

    É isto que penso meu Caro José Manuel Dias
    Um abraço e um bfs

  6. A Professorinha disse...

    Bem, os sindicatos são dos professores, não dos alunos... mas enfim...

    Sobre os cursos, acho muito estranho essas recomendações da OCDE uma vez que esses cursos não estão virados para o prosseguimento de estudos... Acho que se está a enveredar mais uma vez para o facilitismo e isso irrita-me...

  7. hfm disse...

    Assino por baixo.

  8. José Manuel Dias disse...

    Muito obrigado pelos comentários. Os vossos contributos são um incentivo à reflexão...Voltarei ao tema.
    Cumps

  9. Alda Serras disse...

    Curiosa essa recomendação da OCDE... A minha escola está a tentar formar uma turma de CEF para o próximo ano lectivo, mas precisa esperar até Agosto para saber se o projecto foi aprovado ou não. Será por ser do Básico?

  10. Porfirio Silva disse...

    Um dos ilustres comentadores acima escreve "Sempre pensei que foi uma estupidez terem acabado de uma forma geral com aqueles cursos profissionais (industriais." Acho importante que não se faça, como tantas vezes acontece, confusão entre o modelo de ensino "comercial" e "industrial" qe existian "antigamente" com o ensino profissional que existe hoje em dia. Não me alongo sobre isso, porque há pelo menos dezenas de livros e centenas de artigos a explicar as muitas diferenças. Há, pelo menos, uma grande diferença: o ensino profissional que existe actualmente não "corta as pernas" a ninguém: qualquer aluno de um curso profissional pode prosseguir os seus estudos, em igualdade de circunstâncias com os demais, até onde quiser. Pelo contrário, "antigamente", havia uma efectiva discriminação contra as vias não liceais. Esquecer esse ponto, que foi essencial na criação do "ensino unificado", é um erro de análise. Essa questão continua a ser actual, porque todos os esforços para valorizar o ensino profissional, que até já recuperou bastante nos últimos quinze anos, têm de ir a par com a ideia de que a formação profissional deve abrir tantas perspectivas de continuação como o ensino "geral". Se não for assim, estaremos a alimentar o vício "anti-intelectual" que tende a desprezar tudo o que não seja imediatamente útil em termos de inserção profissional. Ora, o incentivo para continuar a estudar também é importante e não deve ser apresentado como oposto ao ensino profissional.
    Já agora, parabéns pela nova imagem do blogue.