Chegou atrasado à reunião das dez e meia porque, na das nove, o presidente tinha demorado vinte minutos a resumir o que se tinha passado nela, e mais dez minutos a lançar hipóteses de conciliação de agendas para marcar a próxima. Quando entrou na sala e se sentou à esquerda da coordenadora, apercebeu-se de que o ambiente estava tenso, embora sem razão aparente. Folheou os papéis e não viu nada que explicasse a palidez da coordenadora ou os olhos congestionados do elemento do grupo que se sentava na sua frente.
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Reunir é um preceito através do qual se confere importância às pessoas e seriedade aos assuntos. A reunião permite, a uns, descansar o espírito e, sobretudo, garantir a irresponsabilidade. Para outros, é ensejo de afirmações pessoais e aproximações a quem interessa. Num caso ou noutro, muito deixa de ser feito para “se reunir”. Nada disto seria, porém, excessivamente grave se tais tempos de reunião não fossem, como são, absurdamente, considerados – “tempos de trabalho”.
António Monteiro Fernandes, Professor do ISCTE, no Diário Económico desta data. Ver artigo completo aqui.
Nem de propósito. Recebi hoje um email de um amigo lamentando-se do tempo que passava em reuniões. As reuniões são caras, para que se desperdice tempo em tarefas que podem ser feitas isoladamente no silêncio e recato dos gabinetes. Se existirem dúvidas ao estudar a documentação, o telefone, ou o e-mail podem ajudar a dissipar e esclarecer. As reuniões devem ter como principal propósito o que faz sentido sentido realizar em conjunto: tomar decisões. Se todos tivessem isto presente, estou certo que seríamos mais produtivos.
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