Palavras que impõem respeito

Publicada por José Manuel Dias


3,9% ! É o défice orçamental que temos. Muito melhor que o compromisso do Governo. Muito pior do que o que precisamos. E do que precisamos? De nos livrar da ditadura do Orçamento. E até lá chegar falta ainda muito. Mais que 0,9%.
Com este valor, Portugal ganha credibilidade em Bruxelas e o Governo de Sócrates ganha confiança do eleitorado. Não há propaganda governamental que consiga estragar isto: 3,9% é um bom número. Nesta fatídica equação, numerador e denominador estão melhor: a diferença entre despesas e receitas é menor do que se esperava, a economia cresce mais que o esperado. E isso é importante para um país traumatizado com o seu défice, móbil de vários delitos cometidos no passado recente.
Externamente, os 3,9% são uma boa notícia primeiro porque é importante cumprir o PEC (agora que não há mais alunos que diluam a lassidão dos nossos políticos), depois porque o "rating" da República pode sair beneficiado, embaratecendo o custo das nossas dívidas (e essas não estão a diminuir...).
Internamente, porque este Governo assumiu um compromisso de honra. Não foi o único. Mas é o primeiro deles com défices reais melhores que o esperado. E esse é um retorno do investimento dos portugueses em sacrifícios.
Pedro S. Guerreiro, Jornal de Negócios de 21 de Março

2 comentários:

  1. veritas disse...

    Olá!

    É verdade. Senti orgulho ontem ao sabê-lo.

    Bjs. Passa um bom dia.

  2. Terra e Sal disse...

    Meu Caro e estimado José Manuel Dias:

    Claro que, com as notícias vindas a “terreiro” todos respiramos com mais esperança depois dos sacrifícios que temos vindo a fazer.
    É também satisfatório sabermos que, embora “minusculamente”, lá vamos exportando aparelhos que envolvem alguma tecnologia avançada, o que nos dá a todos, penso, alguma auto estima, enquanto portugueses.

    Mas também sabemos que, a diminuição do défice não provém essencialmente disso, da criação de riqueza, das exportações. Provém maioritariamente de muita contenção, de cortes no poder de compra, e isso é poupar, mas não é criar riqueza.
    Se por um lado, e dado o tipo de educação que tive, acho bem a poupança sem avaros, por outro, preocupa-me já que, conseguimos emergir apenas porque tiramos ao “estômago”e alguns estão bem doridos.

    Não contrariando o que disse no parágrafo anterior e pensando que todos independentemente do “poder de compra” de cada um, deviam viver não com austeridade, mas com sobriedade, a criação de riqueza, principalmente no sector secundário, deveria ser, penso eu, a garantia de vivermos com tranquilidade o “dia de amanhã”. E como sabe, só uma ínfima parte das nossas industrias se conseguem impor lá fora, e algumas delas até, procuram o Oriente, por não terem capacidade de renovação e inovação e sentirem o “cinto” demasiado apertado.

    Continuo a pensar que tudo o que temos está velho, e somos incapazes de nos renovarmos. Podemos sobreviver com “golfadas de oxigénio” mas vai acabar por morrer tudo a curto prazo, é impossível sobrevivermos neste mundo cada vez mais integrado ou globalizado.
    É preciso modificações de base, renovação, e isso não se vislumbra porque ela tem de vir das nossas Escolas, do Ensino, da Educação, (que ainda não temos a sério) porque aí é que está a garantia sólida do nosso futuro, dos nossos jovens, das nossas industrias.
    É sabido que o ensino em Portugal continua uma miséria. A miséria começa no ensino básico, e vai apodrecendo lentamente no aspecto académico, dos valores, do civismo, é uma vergonha...

    O meu Amigo sabe, e se calhar melhor que eu, que hoje em dia, qualquer Empresa ou Instituição a sério e séria, não se entusiasma muito com Diplomas, Licenciaturas ou Mestrados. Interessam-se isso sim, pelo saber do candidato, pelas suas capacidades, pelo menos teóricas, e ali, numa primeira entrevista, entre muitas outras que se seguirão, tiram a “prova real” das suas potencialidades, e é sabido que a grande maioria chumba logo à primeira, pena a “penitência” não ser extensiva a alguns professores.

    Desculpe lá, sem querer saí do tema bem interessante e entusiasmante que aqui nos trouxe. Mas estive a pensar alto, associando as ideias ao “mote” que nos deixou.
    De qualquer modo é bom sabermos que vamos mexendo um bocadinho positivamente.

    Meu Caro JMD, isso deve ser motivo de fé e esperança para todos nós, ou para a maioria de nós, mas há sempre aqueles que, não têm fé, e para esses, esta alegria, fé e esperança, é tal e qual como vermos um paraplégico que se entusiasma porque depois de muitos anos de sacrifícios, de ginástica esgotante, consegue mexer com alegria um dedinho da mão, pensando que, dali a pouco, já se vai pôr de pé.
    Mas como lhe disse, a vida é isso, a fé faz parte dela, e é a ultima a morrer, porque ela ajuda sempre a suportar os infortúnios.

    Um abraço para si, e um bom fim-de-semana.