Olhemos as coisas por outro ângulo. A crise por que passamos não é uma crise universal, mas localizada. Vive-se nas economias ditas avançadas e é o reflexo de uma ganância sem limites. Porque as outras, aquelas a que chamamos “emergentes”, estão a crescer a taxas fabulosas de 7-8% ao ano, como se pertencessem a um mundo à parte. E só abrandaram um pouco porque a procura dos “ricos” se retraiu. Então tomem nota: quando a crise do lado de cá terminar, será o fulgor do lado de lá que vai alimentar a procura. Já tinham pensado nisto? Continuemos a raciocinar positivo. Depois do colapso das finanças públicas, o Governo levou a cabo um processo notável de consolidação orçamental, o que nos permite uma folga que, usada em contra-ciclo, poderá agora responder às necessidades mais urgentes: garantia de liquidez aos bancos, apoio fiscal às empresas, dotações pontuais às famílias carenciadas. Além disso, a inflação está controlada, o desemprego é gerível e, que eu saiba, nenhum organismo, nem mesmo o FMI, ousou até hoje prever um quadro recessivo para 2008-09. Não acham isto tranquilizador?
Daniel Amaral, no Diário Económico, aqui.
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