Postas taberneiras

Publicada por José Manuel Dias


Lemos a capa do DN de hoje e parece que estamos a ouvir o Sr. Júlio da taberna a resmungar: "O pior Agosto de sempre no turismo português". No título interior, desaparece o "português". E quando acabamos de ler o texto, percebemos que afinal era basicamente só ao Algarve que se referiam, com um remate final do género "ah e tal, e no resto do país a situação foi semelhante", para aligeirar a coisa. Mas, adiante, que nem são as considerações geográficas que me fazem escrever.
Por uma simples questão de rigor, há palavras que deviam ser excluídas do léxico jornalístico. Uma delas é a palavra "sempre". Porque "sempre" é, por definição, um conceito temporalmente indefinido, o que não combina bem com rigor. O que é que a Leonor Matias quer dizer com "sempre"? Desde o ano passado? Nos últimos dez anos? Desde o 25 de Abril 1974? Desde 1143? No texto, apenas se diz que "ocupação hoteleira (...) baixou face face a igual mês de 2007". Ah, talvez o "sempre" signifique "desde o ano passado"...
E o "pior", já agora, refere-se a quê? Número de turistas mais baixo de sempre? Será a "ocupação hoteleira" mais baixa de sempre? (E o que raio é isto? Será taxa de ocupação hoteleira? Será número de turistas que ocupam as instalações hoteleiras?) Ou será antes o volume de negócios mais baixo de sempre? Não sabemos...
Com a devida vénia do Blogue A Pente-Fino, aqui.

2 comentários:

  1. Lúcia disse...

    Texto certeiro. E bate noutra tecla importante - o rigor jornalístico. Cada vez mais fraco
    Bjos

  2. Anónimo disse...

    Estou desconfiada de que essa gente toda virá ao Brasil em dezembro. Vou sair correndo daqui!
    Abraços.