Palavras que impõem respeito

Publicada por José Manuel Dias


Teodora Cardoso, prestigiada economista, defende, em artigo de opinião no Jornal de Negócios desta data, que estamos a assistir em Portugal a uma " mudança estrutural" . Um texto a merecer devida reflexão e do qual seleccionamos, para aguçar o apetite pela leitura, os seguintes excertos:
" A economia portuguesa está a mudar na direcção certa, com base no seu próprio esforço de adaptação e não só no acesso a fundos externos e a endividamento, como sucedeu na década de 90. O crescimento e a diversificação das exportações, o abrandamento das importações, ...
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Não admira, nestas condições, que a opinião pública esteja mais consciente dos aspectos negativos da evolução – exemplificados pela persistência do desemprego, pela quase estagnação do consumo, ou pela correcção das expectativas quanto à evolução da idade da reforma e do valor das pensões – do que do seu lado positivo. As reformas necessárias em áreas chave das políticas públicas, como a educação (desde o ensino básico às universidades), a formação profissional, a saúde ou a segurança social tendem a acentuar essa percepção negativa, não porque reduzam a qualidade dos serviços prestados, mas porque – exactamente para a melhorar – são obrigadas a inverter o facilitismo que caracterizou o período de abundância financeira.
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É certo que Portugal está a tornar-se num país mais liberal. Resta reconhecer que essa é uma evolução positiva, mas que tem que impôr-se a interesses enraizados e a preconceitos ainda mais enraizados, de esquerda e de direita. "
A entrega de um exemplar deste artigo, versão integral pode ser vista aqui, a todos os sindicalistas, empresários, jornalistas, políticos e fazedores de opinião, constituiria, a nosso ver, um excelente acto de serviço público. Portugal ficaria a ganhar.

5 comentários:

  1. veritas disse...

    Despertou-me bastante interesse a leitura deste texto. Concordo que a sua leitura seja de grande utilidade pública, até porque o texto está escrito numa linguagem bastante acessível.

    Bjs. Boa semana.

  2. Julieta disse...

    Para além da entrega do documento era também bastante benéfico que o diálogo entre estas entidades fosse para além do "próprio umbigo" de cada uma... é pena que em Portugal, e falo da realidade que mais conheço, ainda se use pouco a palavras cooperação... a equação matemática do 1 + 1 = 2 é ainda muito substituída pelo cada um por seu lado e com os seus próprios interesses, que não nós faz evoluem muito... mas chegará o dia espero, que esta realidade mude.

    Beijinhos

  3. GK disse...

    Ah, sim...?
    Bom, eu só gostava de saber se esta "evolução positiva" explica a degradação do conceito de trabalho, tornando-o num bem consumista e efémero, meramente instrumental. E não me venham falar de flexi-segurança, porque aí é que eu ME PASSO de vez! Há MUITAS coisas que devem ser feitas (e talvez até estejam a ser feitas... mas devagariiiiinho...) antes de sequer se PENSAR em adaptar esse conceito para Portugal! E atenção ao uso do verbo ADAPTAR. Porque nunca poderá ser um conceito simplesmente importado. Alguém tem dúvidas acerca deste ponto?
    Peço desculpa pelo desabafo, mas como sou uma das vítimas constantes desta "evoluçao positiva", aguardo o desfecho, a altura da velocidade cruzeiro do tão anunciado "futuro risonho" do país. A altura em que eu não viva à custa dos meus pais e me consiga sustentar a mim própria. Tenho esperança que seja antes dos 45... Afinal, já pago impostos há alguns anos...
    Bjs.

  4. Lorena disse...

    Obrigada pela visita!
    Volte sempre que quiser!
    Gostei do seu blog!
    Beijo!

  5. José Manuel Dias disse...

    Cara GK
    Antes de mais obrigado pelo comentário. Respeito todas as opiniões mas respeito ainda mais as opiniões contrárias à minha porque têm, desde logo, uma vantagem: servem para testar a bondade do meu juízo e a qualidade da minha argumentação.
    Quando se defende que o mercado deve funcionar sem grandes entraves, procura ter-se em conta as situações das pessoas como tu. Num mercado mais aberto, as pessoas com mais qualidade poderiam facilmente arranjar empregos compatíveis com as suas qualidades e desempenho. Num mercado fechado a que assistimos? Os sindicatos defendem a situação dos que já estão empregados e vêem os que querem competir com mais qualidade como adversários dos seus associados.
    Se pensarmos na realidade da nossa Função Pública compreenderemos melhor o drama que se vive. Os que mais ganham são os melhores? Ou são os que deixaram passar o tempo, subindo ano após ano, na respectiva carreira de progressão automática? Não fará sentido introduzir critérios de avaliação de desempenho rigorosos? Eu penso que sim. Os melhores terão incentivos para se esforçar e evidenciarem melhores resultados. É assim nas empresas privadas de vanguarda e é, também, isso que precisamos na Administração Pública. Acredito, por isso, que estamos no bom caminho. Volta sempre.